A educação remota é uma alternativa para garantir o aprendizado durante a pandemia da covid-19 que foi preparada muito rapidamente por escolas particulares e públicas. A experiência tem suas dificuldades, como qualquer outra atividade nestes tempos de isolamento social, mas a conclusão é que nada irá substituir o ensino presencial, porém a inclusão de conteúdos de forma online veio para ficar. Em entrevista ao vivo no programa RDTv nesta segunda-feira (18/05) a educadora e coordenadora do Ensino Fundamental do Colégio Singular, Cristiane Conte, falou sobre os desafios da escola e dos professores. Também participaram da entrevista Patrícia Favoretto, mãe da Isabela, e Geisa Paulette, mãe do Bernardo, que também relataram como as aulas online mudaram a rotina de suas casas.
“Está bem difícil, a primeira aula foi um desastre, mas tem o lado positivo que a escola tem ajudado bastante. Minha filha tem seis anos, está na primeira série e como ficava em período integral, eu não tinha como acompanhar, o positivo é que estou participando e a cada dia a gente vai melhorando”, disse Patrícia Favoretto. Ela conta que na sua casa as aulas acontecem misturadas aos outros afazeres da casa, com o marido trabalhando em casa também. “Estamos tentando dar conta de tudo isso e agora, depois de umas semanas, tem melhorado”, relata a mãe.
Da mesma forma Geise Paulette, já estava trabalhando home office. “Agora com ele aqui em casa já demanda um pouco mais de atenção e ainda divide os eletrônicos. Com o andar da carruagem já consegue entrar sozinho, abrir e fechar microfone, mas muda demais a rotina. Legal é essa coisa de poder acompanhar; isso é legal que a gente começa a perceber o crescimento e a maturidade dele”, explica a mãe do Bernardo, que também revela a saudade que o filho sente da professora, dos amigos e das atividades do colégio. “Ele queria voltar porque lá jogava bola, fazia outras atividades, tem os amiguinhos, além dos professores. Eles sentem muita falta”.
Sobre a nova rotina das famílias, Cristiane Conte, diz que as dificuldades também são grandes para a escola e os professores. “Pensando na logística das famílias, nos pais que trabalham, gravamos todas as lives, a princípio tinha mais vídeo-aulas. Para crianças menos de 7 anos é difícil manter a atenção então os professores se prepararam, se reinventaram mesmo. As lives tem um excelente resultado, os alunos interagem bastante com a professora, aprenderam rápido a dinâmica de desligar o microfone. Tem um grupo que chegou a dançar, fizeram uma coreografia para me mostrar. Toda essa dinâmica é muito rica. A gente entende que mudou tudo para a família. Mudou a rotina, e nós na escola temos que entender isso”, relata
Para garantir o bom aproveitamento da aula é importante que uma rotina seja implantada. Cristiane sugere que os alunos tenham disciplina de horário, da mesma forma que tinham quando estavam nas aulas presenciais. “Importante estabelecer uma rotina, um local silencioso para a aula e tirar o pijama. Em dias normais o ideal é uma hora de eletrônico por dia, mas como está a criança está presa no apartamento ou em casa, pode deixar mais, mas os pais tem que controlar. A rotina é fundamental, tem que continuar como se estivesse na escola; fazer atividades, almoçar, fazer um jogo, enfim, a rotina nesse momento é fundamental”, explica a coordenadora do Singular.
Ainda de acordo com Cristiane as crianças surpreendem e a participação tem sido boa nas aulas online inclusive com os mais pequenos. “Eu tinha um pouco de receio com as crianças menores, mas a participação deles é maravilhosa. No quarto ano já se dispersam um pouquinho e no quinto querem bater papo com o amigo. Tudo isso é coisa muito nova e o importante é as professoras combinarem com eles o tempo todo”.
Bernardo, é um menino muito ativo, joga bola no corredor do apartamento nestes dias de isolamento, mesmo assim ele sente a falta dos amigos e da professora. “Falta o contato físico, a gente percebe. Outro dia assistindo a aula ele começa a chorar e disse que estava com saudade da ‘prô’”, relatou a mãe. “O carinho dos professores faz muita diferença. A educação à distância, com certeza, não será possível manter por muito tempo. A criança sente falta, a aula presencial é insubstituível”, completa Patrícia, a mãe da Isabela.
A coordenadora do Ensino Fundamental do Singular explica que nada vai substituir a aula presencial. “Nada substitui a escola, o olho no olho, o abraço da professora, ninguém queria isso, mas temos que fazer o melhor e acredito que logo logo sairemos dessa. Nada substitui a ida a escola, a gente não quer isso para sempre. Parte remota não está sendo ruim, a gente pode pensar nisso de alguma maneira”, analisa Cristiane.
O Colégio Singular, após o relaxamento das medidas de isolamento, já prevê uma análise do que cada aluno absorveu durante as aulas online. ”Faremos sondagem do que conseguiram absorver ou não. Se houver uma parceria todo mundo vai sair muito bem dessa. Não existe uma receita pronta, quando voltarem vamos ter que cuidar do emocional da criança também, porque ficaram ser ver os avós, os pais passaram dificuldades, alguns perderam os empregos e a criança participa de tudo isso e está também com o emocional abalado”, conclui.