O projeto Pró-Billings, que começou por uma iniciativa da prefeitura de São Bernardo em 2005 com a proposta de captar o esgoto gerado na bacia do reservatório, deve ser concluído em meados de 2022. Responsável pela negociação com a Jica (Agência de Cooperação Internacional do Japão) que garantiu os recursos para a obra, o hoje vereador Hiroyuki Minami (PSDB) disse esperar que as intervenções terminem no prazo e melhorem a qualidade das águas da represa. A bióloga e ambientalista Marta Marcondes, também se diz esperançosa de que o projeto traga impacto positivo para a região.
Na semana em que se comemorou o Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho), Minami e Marta participaram do RDTv e falaram sobre o projeto e a situação atual do reservatório que abastece 1,5 milhão de pessoas. O momento de pandemia e isolamento social contribuiu para uma sensível melhora da poluição do ar, entre 10% e 15% pela circulação menor de carros, e de 8% na qualidade da água da Billings, porém, com mais gente em casa e o consequente aumento do consumo de água, somado ao período de poucas chuvas, a água no braço do Rio Grande, onde a Sabesp faz a captação, já recuou 50 metros, segundo as observações da bióloga.
Para a ambientalista há uma ligação entre o meio ambiente e as doenças que atingem o homem. “Temos que entender que o meio ambiente é que proporciona saúde. Os especialistas apontam que o ambiente é um fator preponderante para a vida saudável e muito disso (doenças) estão piores por conta do descaso ambiental”, disse Marta.
De acordo com Minami, o projeto Pró-Billings foi assumido pela Sabesp, mas começou com uma iniciativa da prefeitura de São Bernardo, tendo o intercâmbio formalizado em 2005 com a agência japonesa de fomento. “Foi o primeiro contrato do governo japonês com uma prefeitura em que pretendiam trabalhar juntos para construir o plano diretor de despoluição. O projeto foi concluído em 18 meses, sendo entregue em 2007. A prefeitura tinha ideia de conseguir um financiamento para executar esse plano e apresentamos em Brasília junto com a Sabesp, e o projeto foi considerado um dos melhores daquele momento. A Sabesp assumiu o projeto, que se chamou de Pró-Billings, mas a gestão passada o deixou engavetado e ele só foi retomado em 2018. Agora está em andamento e acredito que brevemente esse plano será concluído e todo o esgoto, que hoje é jogado na represa, será canalizado e tratado na ETE (Estação de Tratamento de Esgoto). Eu acredito que até 2022 será todo captado”, estima o parlamentar.
Marta Marcondes está fazendo um levantamento de como está a qualidade da água na represa durante a vigência das medidas de isolamento social. A ideia é fazer um comparativo com outros períodos. Além da queda no volume de água do braço Rio Grande, ela também notou que a falta de chuva, típica deste período, pode prejudicar ainda mais o reservatório. ”Na margem do Estoril, que tinha trechos com dois e até três metros de profundidade, hoje só tem um. Não está seco, mas está com seu limite complicado. Estou apostando muito que o projeto (Pró-Billings) se finalize e o impacto será extremamente positivo, estou apostando tudo para que realmente dê certo”, comenta.
Segundo Minami, na obra falta concluir as estações elevatórias. “São trechos com muitos declives e aclives em que o esgoto tem que ser bombeado, mas as pessoas também têm que se conscientizar e canalizar seus efluentes para a rede”, disse o vereador. Mais de um milhão de pessoas moram na bacia da Billings.
Também segundo Marta, a conscientização é o trabalho maior a ser feito. “Temos que manter essa nossa riqueza. Parar de pensar que a vocação do ABC é a indústria, a vocação é a produção de serviços ambientais pela mata atlântica; garantir umidade, chuva, regular a temperatura, não dá para ter a velha ideia de que o ser humano pode acabar com tudo e nada vai acontecer. Desenvolvimento sustentável tem que ser colocado em prática”, comenta a ambientalista que é professora na USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) onde orienta o projeto Águas que Educam. “Fazemos atividades com as crianças, que visitam o laboratório e também vamos até as escolas fazendo as atividades. Se as pessoas não receberem informação não adianta nada o nosso esforço na bancada do laboratório se os resultados ficarem nas prateleiras da universidade”.
A iniciativa Águas que Educam é parte do projeto IPH (Índice de Poluentes Hídricos) da USCS cujos materiais podem ser acessados no link: https://uscs.edu.br/servicos/projeto-iph .