O Estado de São Paulo se movimenta para a flexibilização gradual dos comércios, e dividido por regiões, o ABC passou para a Fase 2 Laranja, que permite a retomada de alguns setores da economia. Em entrevista ao RDtv, Elie Fiss, médico pneumologista da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), reforçou a importância do distanciamento social e explicou sobre estudos para tratamentos do novo coronavírus.
“Primeiramente é bom deixarmos claro que flexibilização não é liberação, vai determinar horários e protocolos estabelecidos. Tenho visto que em muitos locais onde já flexibilizou há lugares lotados. O que tem acontecido é a taxa de leitos maior, são número onde ainda tem uma margem que pode acolher pacientes. Há todo momento surge estudos, mas acredito que os profissionais do Estado estão tomando medidas com todo o cuidado”, explica o médico.
Sobre uma segunda onda de casos, o que já é comentado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e tem assustado a população, Elie informa que apesar da flexibilização os cuidados devem continuar, para que isso não ocorra. “Se for extrapolado isso podemos voltar a uma quarentena mais rígida, se tiver uma segunda onda, com aumento de 20% ou 30% pode complicar”, diz.
Mesmo com diversos estudos, o coronavírus ainda vem sendo entendido por especialistas já que as complicações podem ultrapassar sintomas comuns de gripe com sequelas mais físicas, e o pneumologista salientou que vírus respiratórios podem acometer outros órgãos. “Sabemos que é um vírus respiratório. O que as pessoas não estão acostumadas é que as infecções respiratórias podem acometer outros órgãos, no coronavírus, 80% pode ter só uma gripe mas 20% pode ser grave”, completa.
“A covid pode causar inflamação. Tudo vai depender do tipo de resposta inflamatória que o paciente vai apresentar. Um dos principais focos do tratamento é no bloqueio da inflamação, até problemas de coagulação, que já faz parte do tratamento”, explica o médico, que ainda informa que não existe um estudo ou trabalho para pacientes pós-covid. “Estamos iniciando uma pesquisa para isso, sabe-se muito pouco, o que existe de relato, as mais temidas das sequelas, a fibrose pulmonar, isso só pode ocorrem em pessoas que ficaram muito tempo em intubação, mais do que 2 semanas é prolongado, mas nesse caso são mais de 4 semanas”.
Segundo Fiss, a FMABC realiza o estudo em laboratório com pacientes que tiveram alta e são monitorados com bateria de exames. “ Tem consulta com infectologista, pneumologista, exames de laboratório, o PCR já é negativo e já tem a sorologia e anticorpos contra o coronavírus e exames de imagem de pulmão. Todos nos temos memoria curta, mas tivemos a pandemia do influenza e agora a do coronavírus, voltamos a estaca zero, aprender novamente a higiene das mãos é extremamente importante”, completa.