Artistas e trabalhadores do setor cultural foram os primeiros afetados pela covid-19, uma vez que tiveram que interromper e até cancelar as atividades previstas ou em curso quando a pandemia iniciou. Apesar disso, a classe deve sofrer ainda mais retalhações econômicas, uma vez que, de acordo com o Plano São Paulo, deve permanecer na fase 5 (azul), ainda sem data estipulada para uma possível flexibilização e retorno gradual das atividades.
A medida preocupa Dorberto Carvalho, presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão no Estado de São Paulo (Sated-SP), que em entrevista ao RDtv, pede atenção redobrada por parte do poder público. “Os primeiros a fechar fomos nós, devido às aglomerações, mas agora os shoppings e igrejas já estão sendo reabertos e nós continuamos em último lugar? Qual o sentido disso? Precisamos de atenção!”, reclama ao lembrar que a flexibilização no setor deve começar a ocorrer somente a partir de setembro.
Carvalho, que também é ator e dramaturgo cultural, conta que no Estado de São Paulo possui em média 654 mil trabalhadores da classe artística, sendo 35 mil artistas ou técnicos. “Somos um número significativo e, apesar disso, seguimos sendo deixados de lado. Tenho contato com artistas que sequer estão conseguindo pagar a contas, que tiveram água cortada porque não recebem qualquer tipo de auxílio”, lembra ao citar casos de trabalhadores que recorreram ao Sindicato nos últimos meses.
Como alternativa para ajudar os trabalhadores culturais que foram impossibilitados de atuar por conta da pandemia, o governo federal aplicará verba emergencial a partir da Lei de Emergência Cultural (PL/1075/2020), o que na visão do presidente é insuficiente para toda classe. “Ajuda, mas é insuficiente”, diz ao contar que defende uma proposta maior para inclusão de todos os trabalhadores. “Precisamos de um projeto que oferte pelo menos um salário mínimo para ajudar os trabalhadores, e vamos levar isso adiante”, afirma ao projetar que a ajuda deve durar por pelo menos os próximos três meses.
O presidente do Sated-SP alerta ainda que, sem o auxílio do governo, outros espaços culturais devem fechar as portas, a exemplo da sala de teatro Estação Satyros, que encerrou as atividades em abril deste ano. “Temos diversos teatros e espaços culturais ameaçados, porque não conseguimos manter o setor sem investimentos, sem auxílio do poder público. Cultura é algo que todos consomem diariamente em todos os lugares, seja na televisão ou plataformas de Streaming, e apesar da imensidão, pouco se discute e pouco se ajuda”, declara.
Plano de urgência
Sem verbas públicas, os artistas se uniram e se reinventar nas redes sociais com shows ao vivo e lives, afim de angariar verba para ajudar quem mais precisa nos tempos de pandemia. Além disso, fragilizados com a situação, entidades compõem fundos de solidariedade para mobilizar a população e criar condições de trabalho para toda a categoria.
Quem se conscientizar com a causa e puder contribuir, o Sated-SP disponibiliza a seguinte conta para doações:
Banco: Caixa Econômica Federal
Agência: 0249
Operação: 003
Conta corrente: 700440-0
Favorecido: Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado de São Paulo.
CNPJ: 62.494.174/0001-05
O doador deverá encaminhar o comprovante do depósito no e-mail: fundosocial@satedsp.org.br.
Doação de alimentos
Outra forma de ajudar é com a doação de alimentos não-perecíveis. A sede do Sated-SP recebe os alimentos e faz a distribuição para os trabalhadores em situação de precariedade extrema. O contato pode ser feito pelo telefone (11) 99164-0704 ou via e-mail: campanhadealimentos@satedsp.org.br.