Para lidar da melhor forma possível com a pandemia e com o isolamento social, a saúde mental é um fator indispensável e que necessita de atenção principalmente em momentos como este. Dados do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) indicam salto de 22% na venda de Rivotril nos últimos meses, número que alerta para o aumento e agravamento de problemas psicológicos na população. O psiquiatra e psicanalista, Romildo Gerbelli, fala sobre como a quarentena pode influenciar no comportamento e formas para enfrentar o período atípico mantendo o emocional em dia.
Para identificar quando é necessário procurar ajuda profissional, o especialista afirma que os sintomas psicológicos que mantém processos repetitivos são o ponto de partida. A frequência de crises de ansiedade ou síndrome do pânico, dores diversas, zumbidos e sinais de depressão, podem indicar necessidade de tratamento psicológico, que, segundo Gerbelli, não deve ser adiado. “O sistema público ainda não conta com a telemedicina, mas, se possível, contratar um profissional particular com preço razoável é uma boa alternativa”, diz.
Quem já passava por tratamento psicológico no sistema público de saúde, agora repete a receita, que possibilita o acesso a medicamentos sem que seja preciso nova consulta. Segundo o psicanalista, os pacientes que fazem uso de remédios psiquiátricos, normalmente já possuem macetes em relação a adaptação de dosagens conforme agravamento ou amenização de sintomas. “Para quem já fazia acompanhamento antes, o ideal é manter as medicações. Se não está mais fazendo efeito durante este período, o profissional precisará rever os remédios”, aponta.
Casos de dificuldades financeiras vivenciadas durante a crise do novo coronavírus também podem ser fatores para desencadear complicações psicológicas, segundo o psiquiatra. “Preocupação excessiva, angústia, apreensão e hábitos obsessivos costumam agravar neste período. Se os sintomas começarem a incomodar, já é necessário procurar ajuda”, afirma. Para não haver piora nessas situações, o indicado é ir à um médico o mais rápido possível.
Conforme explica o profissional, 50% dos casos de depressão curadas sem tratamento, voltam a uma próxima crise, por isso a importância de não ignorar os sintomas de transtornos emocionais e procurar assistência médica. Para se distrair e amenizar os efeitos negativos do isolamento, Romildo Gerbelli indica a prática de atividades relaxantes, como meditação ou hobbies e exercícios físicos. “O estresse não ajuda o sistema de defesa do organismo. Pessoas que costumavam se entreter usando mecanismos como passeios por exemplo, não tem mais essa oportunidade, então todo tipo de atividade de relaxamento é bem-vinda”, conta.