O ABC iniciou a flexibilização das atividades econômicas nesta segunda-feira (15/6), com liberação gradual do comércio, concessionárias, escritórios, shoppings e outros serviços. Apesar disso, alguns setores ainda sofrem com atividades paralisadas e/ou serviços interrompidos, caso dos serviços de alimentação, como os restaurantes, em que uma parcela já ameaçou fechar definitivamente as portas caso não haja uma liberação mais acelerada.
Em entrevista ao RDtv, o presidente licenciado do Sehal (Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do ABC), Roberto Moreira, analisa que diante da atual situação, muitos restaurantes podem não sobreviver à pandemia do novo coronavírus. Em uma pesquisa do Sehal, foi projetado que pelo menos 30% dos estabelecimentos devem fechar as portas. “Essa pesquisa foi feita em cima de 12 mil empresas ligadas ao Sindicato, que alegaram a atual situação de seus negócios, e o que estamos vendo não é nada animador”, avalia.
O resultado é uma média da percepção dos empresários associados ao Sindicato, que acompanham diariamente o setor. Ainda que haja uma variação entre os mais pessimistas – que são maioria – e os mais otimistas, a situação de quem já tinha algum atraso ou pendência financeira, pode piorar, uma vez que o período pede readequação. “Ainda que haja liberação, estamos em meio a uma pandemia, e se faz necessária algumas readequações que ainda que simples, custam para o bolso do empresário”, alerta o presidente licenciado.
De acordo com a infectologista da Prefeitura de Santo André, Elaine Matsuda, quem for reabrir seu estabelecimento, deve pensar desde já nas medidas de segurança e higiene que serão impostas no futuro. “Temos que desde já pensar lá na frente, em quando o negócio for reaberto e quais medidas de proteção serão adotadas, uma vez que ainda não temos uma vacina contra a covid-19 disponível”, alerta.
Entre as medidas básicas que devem ser adotadas estão: distanciamento social de dois metros de distância entre mesas e cadeiras, uso de máscaras de proteção e disponibilidade de álcool em gel e material individual para alimentação. “O distanciamento social talvez seja a medida mais importante e que peça mais fiscalização por parte destes empresários. Estamos diante de um vírus respiratório com transmissão pelas vias aéreas, ou seja, de fácil contaminação, então o cuidado precisa ser totalmente redobrado, principalmente em locais que não são arejados e possuem ar condicionado”, afirma a especialista.
Diante das recomendações, Moreira alega que os responsáveis pelos restaurantes já se articulam para oferecer material descartável para todos os clientes, assim como readequar o espaço para ambientes mais espaçosos e/ou ao ar livre. “O Sindicato tem passado recomendações via e-mail, repassado informações via e-book, falado da importância de embalar materiais individualmente, readequar os espaços, de aumentar os procedimentos de higiene, etc. Quem não se adequar a essa nova realidade, o mercado irá cobrar, é uma nova norma e que deve ser seguido para manter a sobrevivência”, ressalta.
O especialista acredita, ainda, que diante da nova realidade, uma parcela significativa dos restaurantes e empreendimentos deve intensificar o serviço de delivery e entregas. “Quem se adaptou ao delivery ou serviço de entregas deve manter o serviço apesar da flexibilização, mas isso não afetará no cenário dos restaurantes que estão prestes a fechar as portas”, declara o presidente ao lembrar do número de demissões quem vem crescendo disparadamente nos empreendimentos da região.