Um levantamento do Sindicato da Habitação (Secovi-SP) mostrou que a garagem é um dos pontos mais fracos da segurança em casos arrastão em condomínios. Para se ter ideia, somente neste mês, duas ocorrências desta modalidade foram registradas no ABC: em São Caetano (bairro Santo Antônio) e outra em Santo André (Centro), ambas promovidas por criminosos que se passaram por inquilinos e promoveram arrastão.
A modalidade de crime, que na visão dos especialistas em segurança se faz cada vez mais presente no Brasil, se dá principalmente pelas falhas na legislação brasileira e na fiscalização nas portarias. “É um conjunto de falhas que se perpetua em diversos condomínios e que precisa de correção”, avalia o diretor jurídico da Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliários e Administradores do ABC), Luiz Ribeiro, ao analisar o cenário na região.
Em entrevista ao RDtv, Ribeiro, que também é presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Bernardo, defende que ocorrências dessa magnitude podem ser evitadas se os condomínios investirem em medidas de segurança que vão além de câmeras, alarmes e cercas elétricas. “Os condomínios precisam investir em medidas que dificultem o acesso nas portarias. Do que adianta investir em tecnologia se basta uma buzinada com um carro parecido ou uma documentação não validada para acessar o prédio?”, questiona.
O diretor esclarece que falhas na verificação de documentos e uso de falsas informações podem levar à alta desse tipo de ocorrência. “Nos casos que tivemos recentemente no ABC foram utilizados carros de locação, clonagem de veículos e uso de nomes falsos de imobiliárias. É necessário que haja uma maior fiscalização em cima dessas questões para que os condomínios tenham controle absoluto de quem acessa os prédios”, afirma.
Já para delegado titular do 4ºDP de Santo André, Gilmar Bessa, além do reforço na fiscalização, se faz necessário uma mudança na legislação brasileira com regras mais duras para criminosos que praticam esse tipo de crime. “Quando o crime não é praticado com violência ou ameaça, a própria legislação permite que os autores respondam em liberdade. A lei em si é extremamente permissiva e isso precisa ser revisto”, avalia.
Bessa reitera que apesar das fragilidades na fiscalização dos condomínios, o trabalho das forças policiais de forma preventiva e ostensiva, junto a investigação da Polícia Civil dificultam com que os criminosos não sejam prontamente capturados. “São pouquíssimos casos em que isso ocorre. Não há dúvidas que em sua maioria, os criminosos serão identificados e presos, pois temos um forte trabalho em cima disso”, diz.
Ainda como medidas de segurança, o presidente da OAB reforça que os prédios não abriram mão das proteções disponíveis no mercado, entre elas dispositivos eletrônicos eficientes com biometria, aplicativos com dispositivos de liberação via QR Code, além de outros sistemas que oferecem total subsídio aos funcionários. “Falta de aparelhagem não tem. O que falta é o treinamento humano para que os profissionais estejam atentos às artimanhas e preparados com todas as medidas de proteção”, afirma.