Na contramão do que foi definido pelo Governo do Estado, Santo André estipulou maior horário de funcionamento de bares e restaurantes no município, até 23h30 ao invés de até 17h, como prevê o Plano São Paulo. A medida, no entanto, não foi aplicada nas outras seis cidades da região, o que fez com que comerciantes se queixassem da situação. Em entrevista ao RDtv, Wilson Bianchi, presidente em exercício do Sehal (Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do Grande ABC) relatou as queixas.
Segundo Bianchi, os prefeitos foram covardes ao se esconderem atrás do decreto estadual e não lutarem pelo direito dos comerciantes e empresários da região. “Em Santo André a medida de ampliação do horário de funcionamento vem dando certo. Por que não fazem o mesmo nas outras cidades? Precisamos que os prefeitos tomem coragem e trabalhem à favor da empregabilidade, sem covardia”, comenta.
Para o presidente, não há outra forma de retomar a economia local sem a ampliação do horário, uma vez que o forte da maioria dos estabelecimentos é o funcionamento em período noturno. “Como fazemos com bares e pizzarias que só tem movimento mais intenso à noite? Ficam sem trabalhar? Isso precisa ser estudado e levado em conta por todas as cidades”, questiona.
Assim como a Capital, o ABC está na fase 3 (amarela) do Plano São Paulo de flexibilização. Nesta etapa, bares e restaurantes estão liberados para funcionar por seis horas, com até 40% de suas capacidades, o que para muitos comerciantes, é insuficiente. “Em Santo André o prefeito foi assertivo em ampliar o horário de funcionamento e, ainda assim, muitos tiveram que fechar as portas porque não aguentaram o fechamento temporário. Mas o que acontece com os demais nas outras?”, questiona Francisco Montiani Martins (Kiko), proprietário do pub Old Town, em Santo André.
Dados da Associação Nacional de Bares e Restaurantes (Abrasel), revelam que cerca de 20% do setor (aproximadamente 50 mil estabelecimentos) faliu no estado de São Paulo. O presidente do Sehal estima que, sem medidas de amparo aos negócios desse segmento, na retomada gradual, outros 5% devem falir. “É um número que estimamos e que acreditamos fortemente que acontecerá. Muitos que, assim que reabrirem, fecharão as portas”, projeta.
Baixa adesão
Mesmo liberados para funcionar até mais tarde, os bares e restaurantes de Santo André não tiveram movimentação muito intensa nos primeiros dias. Na rua das Figueiras, um dos endereços com maior movimentação na cidade, não foi visto um grande fluxo de pessoas como costumava ocorrer antes da pandemia do novo coronavírus (covid-19).
Para o presidente do Sehal, a movimentação enfraquecida se deu pelo cuidado da população e dos comerciantes com a saúde. “Os comerciantes mesmo estão estabelecendo regras para que não haja aglomeração, o que faz com que o movimento não seja o mesmo. É isso que queremos seguir para que o ABC seja um exemplo para o Estado e depois para o Brasil. Dizer que sim, dá certo se houver respeito e fiscalização”, diz.
No interior dos estabelecimentos, as regras de prevenção estabelecidas também estavam sendo cumpridas, segundo Bianchi. “Os bares e restaurantes estão seguindo uma conduta criteriosa de higienização e cuidado com a população, e isso vem sendo observado de perto. Mas para que possamos mostrar resultado, há de ganharmos um voto de confiança para mostrar que sim, é possível ter a reabertura”, enfatiza.