O projeto social Taekwondo em Ação, do professor Cosmo William Pereira, mais conhecido como Professor Toty, ajuda a tirar crianças das ruas. Já foram atendidas cerca de 200 crianças e, para garantir o funcionamento da sua academia fechada por conta da pandemia da covid-19, Toty passou a fazer exibições nas ruas junto com um de seus alunos. Fantasiados de Sub Zero e Scorpion eles levantam dinheiro com as exibições nos faróis.
Toty começou com o projeto Taekwondo em Ação em 2.009, em Mauá. Ele já praticava a arte marcial desde 1.988 e atuou como professor em diversas academias até montar a sua. Ele mesmo é o exemplo do que o esporte pode fazer, transformando vidas. “Na escola eu era magrinho, disléxico e nunca fui bom no futebol. Por conta da dislexia eu não acompanhava as aulas, sofria bullying; meu apelido era Marcha Lenta. Um dia meu vizinho Osmar, me convidou e comecei treinando kung-fu com ele. Depois treinei na associação em São Caetano, conheci o Taekwondo e me apaixonei. Em 1.998 me formei como professor e em 2.000 como atleta, então passei a ser chamado de Ligeirinho. Nunca fui o grande competidor, mas sou professor por vocação”, conta.
Cosmo William Pereira mantém o Centro de Treinamento Dragões em Ação, onde dá aulas para os jovens que podem pagar, mas também para os que não tem condições de arcar com a mensalidade. Por isso aceitou a sugestão de um dos alunos para fazer as exibições nos faróis. Com isso e com a ajuda de outras pessoas conseguiu manter a academia enquanto esta ficou fechada. “Minha mulher trabalha fora, e a gente junta tudo para pagar as despesas. Agradeço também ao proprietário do imóvel que deixou para receber depois da pandemia os aluguéis atrasados”, explicou o mestre que acabou de se formar também em Kickboxing, modalidade que vai incluir na sua academia. Em parceria com outros mestres também agregou a Capoeira, Muai Tai e o Boxe.
A vocação de ensinar ele descobriu logo, que começou a praticar artes marciais, mas que faria disso uma forma de ajudar crianças aconteceu durante suas aulas. Ele conta que certa vez saiu da academia onde dava aulas para almoçar e foi abordado por dois meninos, irmãos, que pediam comida. “A gente almoçou e depois eu os levei para a academia e fizeram aula. Depois o dono disse que não era para trazer gente da rua pois quem iria pagar pela aula? Eu disse para por na minha conta, depois não vi mais aqueles meninos. Anos depois fui fazer uma apresentação na Fundação Casa, quando encontrei o garoto que eu vi em Mauá, ele era um dos internos. Isso me deu força para tocar o projeto”, conta.
Agora o projeto de Toty se abre em três vertentes: o “Pratique Taekwondo e dê um chute nas drogas”, “Bom no tatame, bom na escola”, e a mais recente é o “Jovem atleta no primeiro emprego”. Nesse último ele pretende fazer parcerias com empresas para dar oportunidades de trabalho para os jovens.
Toty fala com orgulho de muitos jovens que passaram pelos seus ensinamentos. “Tem vários que hoje dão aula, tem bacharel em Educação Física, bombeiros, ou seja, gente que despontou muito além do tatame, mas na vida. A gente precisa da união; da parceria de pai, professor e aluno, isso pode mudar a situação de um bairro, de uma cidade e de um país. A educação é o melhor caminho para o resgate da sociedade”, conclui.