Depois de Santo André, São Bernardo e São Caetano definirem que não irão retomar as aulas presenciais em 8 de setembro, conforme indicação do governo do Estado, nesta quinta-feira (30/07) os prefeitos de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), e de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (Cidadania), e Adler Teixeira, o Kiko (PSDB), também oficializaram o posicionamento de não retornarem as aulas na data. O chefe do Executivo mauaense foi ainda mais longe ao dizer que a cidade não terá mais aulas presenciais este ano. Os prefeitos ainda vão se reunir no Consórcio Intermunicipal para oficializar a decisão.
Ao RDTv, o prefeito Atila Jacomussi disse que a decisão foi baseada em critérios técnicos e em conversas com a comunidade escolar. “Pesou a vida, em primeiro lugar a vida. A doença é traiçoeira, que tem afetado não só a saúde pública, mas também criou uma grande pandemia social e econômica, isso nos trouxe medo e cabe a nós, dar exemplo, principalmente, quanto ao convívio responsável. Dialoguei com secretário de Saúde e o de Educação, com professores da rede pública, privada, da rede estadual para uma decisão mais acertada, e a mais acertada, estamos convictos disso, é de não retornar mais as aulas em 2020. Foi uma decisão pela vida, eu nunca poderia colocar em risco a vida das crianças”, diz.
Segundo Atila, a cidade tem 45 escolas, entre municipais e conveniadas, e grande parte dos servidores tem idade acima dos 60 anos. Outro temor é que os alunos se tornem vetores da covid-19. “Podem adquirir e levar a doença para suas casas e contaminar pai, mãe, avó e os irmãozinhos, e não vamos colocar a vida de ninguém em risco”, declarou. Enquete realizada pela Prefeitura, disse, mostrou que 93% dos pais não querem que os filhos retornem às aulas.
Atila Jacomussi disse que esse é um movimento político regional e os prefeitos, por meio do Consórcio Intermunicipal, devem pressionar o governo do Estado, responsável pelas aulas nos colégios estaduais. “Temos de fazer um grande movimento, independente de Mauá ter sido a primeira a tomar a decisão, eu acho que os sete prefeitos têm força e eu acho que deveriam fazer uma reunião com o secretário de Educação e com o governador, João Doria, para que pudéssemos sugerir, até porque é irrecuperável o tempo perdido, não recuperaremos em setembro, outubro e novembro o período em que ficamos paralisados. Aliás não ficamos parados, temos aulas online”, completou.
Após o anúncio, na manhã desta quinta-feira, Atila Jacomussi recebeu ligações de outros prefeitos de várias regiões. “Foi até certo ponto uma decisão polêmica, mas estou convicto, não vamos mudar nossa opinião que é uma decisão acertada e pela vida”, comenta. A Prefeitura também definiu garantir o auxílio merenda de R$ 60 até dezembro, e o conteúdo que não foi aplicado este ano será reforçado em 2021. “Podemos ter até reposição de aulas aos sábados no ano que vem”, acrescentou o prefeito. Até o dia 29/07 Mauá tinha mais de 3,5 mil infectados pela covid-19 sendo que 210 faleceram pela doença.
Em vídeo publicado em sua rede social, também na manhã desta quinta-feira (30/07) o prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão, também disse que as aulas na rede municipal da sua cidade não vão retornar no dia 8 de setembro. “A prefeitura aqui não irá retomar as aulas devido a vários fatores; o primeiro deles é a proteção à vida de nossas crianças. Temos atitudes respeitosas, fazendo com que a educação das crianças seja feita a quatro mãos, tendo apoio da grande maioria dos pais. Temos também o respeito dos profissionais da educação e todo o respaldo do Judiciário, por intermédio do Ministério Público. A vida do futuro da nossa cidade, que são nossas crianças, é nossa prioridade”, resumiu.
O prefeito de Ribeirão Pires, Adler Teixeira, o Kiko, disse que desde que foi anunciada a data de 8 de setembro pelo governo do estado, já considerava o retorno perigoso. “Naquele momento eu já achava temerário, o tempo passou e a nossa opinião não mudou. Aguardamos sair a pesquisa que foi feita com os pais e 82% não são a favor do retorno. Nós já sabemos a consequência disso, a contaminação cruzada, de aluno para a professora, do aluno para os avós. Tem ainda a questão do transporte escolar, então aqui em Ribeirão a educação continua de forma virtual”, disse o tucano.
A rede municipal de Ribeirão Pires tem cerca de 8 mil alunos e 2 mil profissionais entre professores e auxiliares. Kiko disse ainda que vai manter o auxílio alimentação de R$ 60 enquanto durar a pandemia e ele também acha, da mesma forma que o colega Atila Jacomussi, que nem mesmo em dezembro a situação estaria controlada. “Temos que pensar em alternativas, talvez uma aprovação automática e retomar o conteúdo no ano que vem com reforço escolar, alguma medida para que a gente possa viver nesse período de pandemia”, declara. Kiko considera que, através do consórcio o ABC deve usar seu peso político para pressionar o governador João Doria (PSDB) a voltar atrás e não autorizar a volta das aulas em 8 de setembro. “Temos uma situação delicada com a rede estadual. A gente não volta, mas se as escolas estaduais voltarem, a situação é a mesma o vírus vai circular mais”, alerta.
A Prefeitura de Diadema é a única cidade do ABC que ainda não se posicionou oficialmente sobre o retorno. Na terça-feira (28/07) em vídeo postado em sua rede social o prefeito Lauro Michels (PV) pediu que os pais se manifestassem através dos comentários sobre a volta as aulas. A quase totalidade dos que participaram da enquete são contra o retorno antes de uma vacina que imunize a população. Nesta quinta-feira (30/07) ele aperfeiçoou a enquete através de um questionário online. Em nota a prefeitura diz que a decisão ainda não foi tomada. “Ainda não há decisão sobre o retorno das aulas. A administração entende que para que sejam cumpridos todos os protocolos, há necessidade de apoio do Estado ou da União, já que o custo é elevado para oferecer toda a estrutura necessária. Está prevista amanhã nova reunião do Consórcio para decisão, buscando consenso entre a cidades”, informa.