O novo presidente da regional de São Bernardo e Diadema da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas), Ricardo Kanaan, sustenta que atualmente há uma queda média de 80% no número de atendimentos nos consultórios por conta da covid-19. No início da pandemia a queda foi até maior, chegou a 90%, e agora o desafio da categoria é dar segurança aos pacientes mostrando que todos os procedimentos de proteção foram adotados.
Como outras categorias, os dentistas sofrem bastante para manter seus consultórios em meio a pandemia. A queda foi enorme em número de pacientes o que resultou em uma receita menor, soma-se o aumento dos custos para garantir o cumprimento dos protocolos de segurança e o resultado é que vários profissionais tiveram que entregar os imóveis que ocupavam. “No início, foi muito mais duro, porque a população e nós estávamos assustados e sem orientação sobre como proceder. Depois veio o conselho e a própria APCD com as instruções. A procura diminuiu muito e a gente estava orientado a só atender urgências. Caiu 90%, e ontem (30/07) saiu um estudo do CFO (Conselho Federal de Odontologia) que informou uma queda média de 80% de no atendimento”, destaca Kanaan.
Os custos para prover os consultórios de tudo que é recomendado para a prevenção de contágio, como álcool em gel, aventais descartáveis, máscaras tipo N95, e protetores faciais tipo face Shield, também umentaram bastante. “Consequência foi geral, fomos orientados a fornecer para o paciente álcool em gel e para nós foi orientado a usar a N95 pois as máscaras que a gente usava não eram as ideais. Outra mudança foi o uso do avental descartável, antes era só o jaleco, e também a face shield. O álcool gel virou produto indispensável”, lista o profissional.
Os cuidados adicionais encarecem o custo da consulta, mas segundo o presidente da APCD regional, esse custo não deve ser repassado imediatamente e nem de uma única vez. “Acréscimo deve ser entre 15% e 20%, mas o pensamento é solidário de pensar no próximo, não é hora de oportunismo. O fato é que os custos subiram; uma caixa de luvas que comprava por R$ 14 agora custa R$ 39, não sei se é oferta e procura ou oportunismo do mercado. Era um produto que comprava sempre e que aumentou muito”.
No meio do caminho entre a queda de pacientes e aumento dos custos, muitos consultórios quebraram e a falta de crédito para a categoria agravou o problema. “Não teve nenhuma linha de crédito, as que os bancos oferecem não valem a pena e por isso alguns colegas tiveram que entregar o ponto, por causa do aluguel já que nem todos tiveram a sensibilidade de reduzir o valor e quem não tinha uma estrutura financeira para segurar esse período de crise, sofreu bastante. Os pacientes passaram a voltar só agora, então sofremos bastante e estamos sofrendo ainda”, conta Kanaan.
Durante a pandemia e com muitas pessoas trabalhando em casa o cirurgião-dentista Ricardo Kanaan, recomenda que as pessoas não descuidem da saúde bucal. “O mais importante é a escovação. Não tem tanto problema comer mais ou coisas diferentes, mas sempre que puder é importante escovar os dentes. O grande problema da pandemia é o período noturno, que é o mais crítico e se não escova direito antes de dormir isso pode te atrapalhar bastante”, recomenda.