Levantamento realizado pela Vendrame Consultores, especializada em segurança no trabalho, aponta que 65% das empresas no País não seguem a portaria 20, que estabelece medidas para prevenção da transmissão da covid-19, como sanitização. O estudo mostra que o Estado de São Paulo foi o que comprou mais produtos para o controle da pandemia e um dado alarmante é que 99,9% das empresas de escritórios e serviços não cumprem integralmente o que reza a norma. A pesquisa foi feita entre os dias 29 de junho e 3 de julho, com nove mil empresas.
A pesquisa mostra que, comparado o segundo trimestre de 2019 com o mesmo período deste ano, ou seja, antes e durante a pandemia, houve crescimento de 15% na comercialização de serviços voltados à segurança dos colaboradores. “Isto se deve aos novos produtos ofertados para auxiliar o mercado a reduzir os impactos da pandemia em suas atividades”, afirma Antonio Carlos Vendrame, fundador da consultoria.
Entre essas novidades, estão o telemonitoramento (telemedicina de saúde ocupacional), planos de contingência, testes covid-19 e aparelhos para sanitização de ambientes, que utilizam ultravioleta para limpar o ambiente inclusive de vírus. Desde o início da pandemia, maio foi o mês que mais se destacou em relação à alta nas vendas. “Havia uma grande expectativa de reabertura já em junho”, explica.
Chama a atenção o número, quase zero de empresas de escritórios e prestadores de serviços, que cumpre a totalidade da portaria federal. Essa portaria reza que as empresas devem adotar medidas de prevenção em áreas comuns, identificar precocemente funcionários que apresentem sintomas da covid-19, instruir os trabalhadores sobre etiqueta respiratória, afastar por 14 dias aqueles com caso confirmado, a empresa deve fazer triagem na entrada, disponibilizar álcool em gel ou sabão para higienização de mãos, distanciamento social mínimo de um metro entre os trabalhadores e a mesma distância deles para os clientes, demarcação de espaços e organização de filas, entre outras normas.
Para o presidente do Seaac (Sindicato dos Empregados de Agentes Autônomos do Comércio) do ABC, Vagney Borges de Castro, a situação é velha conhecida do sindicato, que tem atuado quando há denúncias. “As empresas têm de tomar medidas para o distanciamento entre os funcionários, disponibilizar o álcool em gel e obrigar o uso de máscaras, mas todo o dia recebemos denúncias, hoje mesmo (sexta-feira, 31/07) estive em duas empresas. Quando há denúncia a gente verifica e dá um prazo curto para que a irregularidade seja sanada”, resumiu o sindicalista.
Indústria
No caso da indústria, a dificuldade é a adequação das plantas industriais à nova realidade, conforme relata o presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), regional São Bernardo, Cláudio Barberini Júnior. O dirigente comenta que hoje não faltam mais produtos como álcool e máscaras – que chegaram a faltar no início da pandemia -, apesar dos preços ainda superfaturados. “O problema é adequar a planta industrial o protocolos, como o distanciamento entre máquinas, e alguns setores com mão de obra colaborativa”, ressalta.
Barberini afirma que desde o início a entidade preparou os protocolos de retomada de atividades e todo o material foi enviado às empresas. “O Sesi (Serviço Social da Indústria) também está preparado para auxiliar as empresas no que for necessário, inclusive na testagem do colaborador”, diz.
Para Barberini Júnior outro fator é o custo de implantação, pois as empresas tentam ainda salvar o ano com a retomada de produção. “Todo fato novo gera problemas de implantação no início, como informação e quais os produtos usar. Lógico que ninguém gosta de ter custos a mais, quando as margens estão reduzidas, mas o momento pede ajuste, não é uma questão de gostar ou não. Algumas ações são momentâneas, mas outras deverão ser implantadas, como home office, virtualização de operações e vendas online”, pondera.
O empresário diz ainda que apesar do governo federal ter mantido um relacionamento com o setor empresarial para a tomada de medidas necessárias, como a manutenção dos empregos e o crédito para a economia, na prática isso ainda não surtiu o efeito desejado. “Crédito adequado para a indústria sempre foi entrave, tem juros altos e com muitas restrições e nesta época, com empresas em dificuldade financeira e faturamento prejudicado, fica mais difícil. Muitas medidas aprovadas, mas ainda pouco operacionais; os bancos públicos lentos e os privados, colocando restrições aos empresários”, sustenta o presidente do Ciesp, que espera um segundo semestre com desempenho melhor. “Junho e julho já deram sinais de melhoras nas atividades, mostrando crescimento”, comenta.