Pesquisadores da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS) defendem que o mundo no pós-pandemia será totalmente diferente. Apesar das mudanças repentinas que vão além isolamento social, a covid-19 irá deixar rastros na vida pessoal e profissional da população, com novas formas de comportamento e necessidade de readequação. A partir disso, os pesquisadores comentam a necessidade de se buscar um equilíbrio coletivo e individual, permeado em atualizações e aprendizagem.
Em entrevista ao RDtv, o pesquisador convidado do Conjuscs e consultor internacional em Ciências e Técnicas de Governo, Aristogiton Moura, defende que as transformações devem moldar a nova realidade à volta das pessoas nos próximos anos. “Assim como aconteceu no atentado de 11 de setembro, que deixou mudanças históricas na vida das pessoas, o mundo no pós-pandemia do coronavírus também trará diversas readequações, o que irá pedir outro comportamento diante do chamado novo normal”, explica.
Diante das transformações e da clara perturbação e questionamento das pessoas quando se trata em avaliar os impactos da pandemia, com divergências e consensos, Moura explica a necessidade essencial de tratar traumas decorrentes da doença. “Com a pandemia surge, então, uma questão inquietante relacionada a psicologia: com as mudanças repentinas, quais são os caminhos para tratar o luto e as dificuldades de readequação?”, questiona ao lembrar a necessidade do equilíbrio emocional.
Conforme o impacto da doença em cada indivíduo, a psicóloga e pesquisadora da USCS, Silvia Guz, sugere o acompanhamento profissional e/ou com ajuda coletiva para lidar com as mudanças e consequências da pandemia. “No pós-pandemia teremos pessoas que sofrerão com traumas diversos, desde os mais simples com estresses não disfuncionais, que podem ser tratados com medidas simples, até os mais severos, que necessitem de intervenções com atendimento especializado”, explica.
O que na visão da psicóloga tem sido a válvula de escape para a população, é o uso do digital, que embora não satisfaça a necessidade do contato humano e nem recupera as perdas, suaviza os traumas. “Essa realidade já transformou o mundo e o remeteu a uma situação traumática, com implicações multifatoriais, mas temos que suavizar e enfrentar o luto, um trauma que vai do individual ao coletivo. E embora não alcance toda a sociedade, o digital vem para ajudar nisso, é uma ferramenta que auxilia o tratamento”, completa.
O que vem pela frente, o ‘novo normal’, é um clichê usado à exaustão da sociedade, de acordo com os pesquisadores. “Impõe um rearranjo em escala global, na economia, na política e na vida em sociedade, que precisará construir um novo futuro e um novo mundo humano para viver bem”, afirma o consultor internacional, Moura. Mudanças no âmbito profissional também devem permear a vida dos empresários, que agora readequam seus negócios para prestar um novo tipo de atendimento, este ligado ao meio digital.