A pandemia do novo coronavírus (covid-19) causou uma série de restrições à realizações de eventos, como os casamentos. Por conta do impacto da doença e do distanciamento social (desde meados de março), o número de matrimônios caiu quase pela metade (49%). Entre março a julho deste ano, o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) contabilizou 47.391 cerimônias realizadas em São Paulo. No mesmo período do ano passado, foram 92.048 presenciais.
Na região, a situação não é diferente, independente da religião, o número de matrimônios presenciais também apresentou redução significativa. Em entrevista ao RD, o padre Joel Nery, vigário episcopal da Diocese de Santo André, que coordena as paróquias em todo o ABC, conta que na Igreja Católica houve cancelamentos e remarcações quase que na totalidade dos matrimônios agendados.
Segundo o vigário, apesar de as igrejas já estarem preparadas com protocolos de higiene e segurança, o distanciamento social e o cancelamento dos espaços de festa ainda influenciam na execução dos matrimônios. “Muitos tiveram de cancelar os salões de festa ou tiveram problemas com acesso dos convidados, o que contribui para maioria dos cancelamentos”, conta. Já os casais que mantiveram as cerimônias devem efetivar os matrimônios no segundo semestre, com protocolos de segurança.
Juntos há mais de cinco anos, os andreenses Julio Dantas e Samantha Oliveira, haviam agendado a cerimônia para agosto. Com a pandemia, os planos foram alterados e o casamento foi para 2021. “Não tem como fazer esse ano, temos medo de alguém pegar a doença, e além disso tem o público de risco, que se expõe bastante”, diz o noivo. A principal dificuldade de Dantas foi cancelar os preparativos para a festa. “Tivemos muitos problemas com ressarcimento e remarcações, mas não tem o que fazer”, completa.
Umbanda
O presidente da Federação de Umbanda e Cultos Afro-brasileiros de Diadema, Cássio Ribeiro, explica que na grande maioria dos terreiros, a situação é a mesma. Com a pandemia do novo coronavírus, os frequentadores que iriam selar a aliança do matrimônio reagendaram os casamentos para o ano que vem. “Todos os casamentos foram cancelados e devem ser reagendados para o ano que vem”, diz ao lembrar que a garantia da saúde dos frequentadores vem em primeiro lugar.
Segundo Ribeiro, com o cenário atual, é impossível manter os matrimônios e rituais, uma vez que há grande contato físico nos terreiros. “Não temos como fazer protocolos de segurança nos terreiros. As entidades têm contatos físicos para quem vai tomar passe, descarrego e afins. Orixá é vida, é amor, e não deixaremos os filhos padecerem por imprudência. Vamos respeitar o isolamento”, garante ao lembrar que ainda não há cronograma para novos rituais.
Pentecostal
Na Igreja da Graça de Deus, em Mauá, as cerimônias também foram remarcadas para 2021. Segundo o pastor Eduardo Furtado, os fiéis que não celebraram este ano não chegaram a sequer cogitar a marcação para o segundo semestre. “Em algumas igrejas os casamentos estão ocorrendo de maneira digital, com participação à distância, mas na nossa igreja ainda não se fala em casamento, não queremos colocar as pessoas em risco”, afirma.
Furtado diz, ainda, que as medidas são essenciais para que os locais não se tornem focos de disseminação do vírus. “Estamos tomando todos os cuidados para vencermos essa doença”, diz. O líder religioso conta que, por conta do distanciamento social, os agendamentos e as cerimônias devem ocorrer somente em 2021.
Festas
Segundo a Abrafesta (Associação Brasileira de Profissionais, Serviços para Casamento e Eventos), 93% dos eventos sociais e corporativos foram adiados e 7% cancelados desde abril. Estima-se que o número chegue a dobrar até o fim do ano, ainda com a pandemia do novo coronavírus