Não há um setor que não foi afetado pela pandemia da covid-19, uns mais outros menos, porém há histórias de empreendedores que fizeram do limão uma limonada e estão com lucros até maiores e há também quem, como a Fênix, ressurgiu das cinzas e pegou aproveitou o desemprego para focar em um negócio próprio e em poucos meses já colhe frutos do esforço pessoal. Mas o que todos têm em comum é o investimento em conhecimento de técnicas de gerenciamento, capazes de transformar um negócio de décadas, com resultados tímidos, em um empreendimento lucrativo.
Exemplo de que ter apenas um bom produto ou serviço não basta para garantir a saúde financeira da empresa é o da Ice Film Car Wash, especializada em higienização veicular há 20 anos com as portas abertas em Santo André e dona de uma carteira grande e com clientes cativos. Mesmo com essa vivência no segmento, os lucros não refletiam todo o esforço e a qualidade do trabalho que desenvolve. Com as orientações do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), mesmo durante a pandemia, a empresa deixou o cenário de fechamentos no vermelho e dívidas e passou para outro completamente diferente com perspectivas de bons lucros.
A Ice Film sempre esteve presente nos canais digitais para se comunicar com seus clientes. A consultoria do Sebrae, então, apurou que o problema estava na gestão do negócio. Jane de Lira Muniz Ramos, sócia da empresa junto com o esposo, conta que não importava o esforço, a empresa sempre estava no vermelho. “Em meados de novembro, mesmo antes da pandemia, eu já estava prevendo que, se as coisas não melhorassem em meados de maio, a gente ia fechar”, relembra. Jane procurou fazer vários cursos online e o horizonte mudou. “Hoje, mesmo vendendo menos, estamos tirando mais; nossa margem que era negativa agora é positiva. Nos deram as ferramentas de gestão e é só fazer tudo certinho que não dá errado”, disse animada.
Jane deixou de atuar no operacional e passou a se debruçar sobre os cursos, principalmente no marketing. “Antes, a Ice Film Car Wash não conseguia crédito porque estava com o nome sujo, agora estamos pagando as dívidas antigas sem pedir crédito, a situação virou e vou ter lucro”, comemora. A Ice Film Car Wash fica na avenida Higienópolis, 244 – Vila Gilda – Santo André. As redes sociais da empresa são cheias de vídeos e dicas de conservação e limpeza para automóveis produzidos pela própria empresária.
Gestão
Para o gerente regional do Sebrae no ABC, Paulo Sérgio Cereda, o próprio órgão teve de se adaptar na pandemia, ao oferecer cursos online. “Passamos a atender um grande número de pessoas preocupadas com os negócios fechados, a maioria deles já vinha com algum problema. O primeiro momento foi de pedir calma e entender qual o problema, ajustar o fluxo de caixa, aí o Sebrae correu atrás de crédito. Depois foi a fase de investir na melhoria da gestão; muitas vezes os pequenos empresários têm domínio de alguma técnica, têm alguma habilidade ou talento e resolvem investir em um negócio porque ficaram desempregados, mas a maioria não domina a gestão, não consegue estabelecer um fluxo de caixa ou gerenciar um estoque”, explica.
Cereda diz que não interessa qual o tipo de negócio, ele tem de estar conectado, ser visto e comentado em redes sociais e a venda pela internet é a principal ferramenta e não só na pandemia. “Pensando em alternativas de negócio para alavancar vendas na pandemia, a internet é a vedete. As coisas mudaram e é preciso mudar também a forma de ofertar o que faz, divulgando na internet e nas redes sociais. Depois é o momento de acelerar para a retomada com capacitação e melhoria da estrutura de gestão. Também podemos entrar com a melhoria do processo produtivo com parceiros e que o Sebrae tem. Há também as rodadas de negócios”, enumera.
O gerente do Sebrae diz que a primeira coisa é ter estrutura, ter a empresa na mão. “O digital não tem jeito, já está ai, hoje a minha divulgação, o contato com o meu público, tem de ser pelo meio digital, mas se eu não fizer isso bem feito vou me arrebentar. Aqui no Sebrae comparamos isso a nadar em um mar cheio de tubarões, em que você não pode sangrar, ou seja, para ser visto e lembrado positivamente. Gestão é o ponto fundamental posso dizer que quem trabalha com a gente está sofrendo menos”, comenta. Os cursos do Sebrae este ano estão com preços anistiados, ou seja, a custo zero.
Marmita Fitness
A pandemia também trouxe a oportunidade que a nutricionista de Mauá, Carolina Nunes da Rosa, precisava para focar no seu negócio de venda de marmitas fitness. Ela trabalhava como consultora em um restaurante e tinha o negócio de refeições prontas como um complemento. Com a pandemia, o emprego e investiu nas marmitas. Cursos, como os oferecidos pelo Sebrae, ajudaram no gerenciamento.
Carolina conta que adotou como estratégia divulgar seu produto em todos os meios digitais, mas sem deixar de lado a tradicional propaganda boca a boca. “Eu peço indicações para os meus clientes e está dando certo. Passei de 800 marmitas por mês, em junho, para 3 mil agora”, comemora. O crescimento foi de 275% em dois meses.
O segredo está nos produtos de qualidade e diferenciados, já que Carolina tem um cardápio novo toda semana, e também no investimento em estratégia; ela contratou uma assessoria de marketing. A pandemia pode ter sido a ajuda extra que a empresária precisava. “Meus clientes são aqueles profissionais em home office. Tem também aqueles que aproveitaram para mudar hábitos e buscam uma alimentação mais saudável”, explica.
A jovem empresária que trabalha na cozinha de casa com a mãe e uma auxiliar, já pensa em ampliar o negócio. Já tem algum equipamentos profissionais e planeja aumentar as instalações e transformar a cozinha doméstica em uma cozinha industrial. Ela acredita que isso deve acontecer já no início do próximo ano. A Marmitaria.com pode ser acessada pelas redes sociais no @marmitariapontocom e o telefone 9.5639-5425.
Doce
A Leva mais um Doce, empresa andreense de produção artesanal de sobremesas gourmet, completou três anos em agosto, em plena pandemia. A inovação foi o investimento em uma plataforma própria para delivery junto com uma nova linha. Com o recurso, e mais ofertas, a empresa quer criar novas estratégias para o consumidor final e ampliar a área de atuação de entregas, entre outras.
A empresa trabalha com produtos artesanais sem adição de conservantes, corantes, em sua maioria sem glúten, e saborizados com produtos naturais como frutas, geleias frescas, castanhas e produtos frescos. A linha, específica para delivery e sempre em potes, agora é composta pelos lançamentos de petit gateau, bolos e tortas. Os brigadeiros, que deram origem ao negócio são o carro-chefe das vendas.
“A ideia do canal de venda direta é estar mais próximo do cliente. Dentro de uma plataforma própria é possível ter mais liberdade para trabalhar, criar, oferecer promoções e conquistar uma fidelidade”, explica a empresária Sharon Frizão. Além disso, há mais oferta de sobremesas para contemplar outras demandas dos clientes, segundo explica.
De acordo com a empresária, o processo de trabalho pelas plataformas tradicionais de delivery é limitado. “Nesse caso, a empresa é parte de uma vitrine, sujeita às condições preestabelecidas que dificultam o atendimento ao cliente. Além do mais, o raio de atuação é mais restrito, por exemplo, a entrega a até seis quilômetros de distância. Na minha própria vou poder expandir para onde quiser, até São Paulo, se for o caso”, acrescenta Sharon.
Todo o resultado é garantido pelas condições da embalagem, um casamento perfeito com o produto para manter a durabilidade e qualidade. “Todos os nossos doces e sobremesas são feitos no pote. A combinação de sucesso só foi possível pelo investimento em um processo até chegarmos na receita certa, embalagem ideal com lacre, dados nutricionais, de segurança alimentar, código de barras, pote biodegradável, lote, data validade, entre outros. Mas, com certeza, o nosso diferencial está na produção e paixão pelo produto”, diz. Mais informações sobre os produtos em: www.levamaisumdoce.com.br/