As nomeações de delegados, investigadores, escrivães e agentes policiais divulgadas pelo governo do estado não vão apagar o déficit de pessoal nas delegacias do ABC, é o que denuncia o Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo). Foram nomeados nesta quinta-feira (26/11) 885 aprovados em concursos para ocupar cargos na Polícia Civil do estado. Não se sabe quantos destes virão para a região após concluírem o curso na Academia.
As três Seccionais de polícia do ABC; Santo André (que abrange também as delegacias de Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra), São Bernardo (que coordena também os distritos policiais de São Caetano) e de Diadema, operam com cerca de 60% do número de servidores que deveriam ter, sendo que o déficit maior é em Diadema, 44%, depois Santo André com 39% e São Bernardo com 37%. Segundo o levantamento, no ABC não faltam tantos delegados, há seccionais com mais delegados do que o número fixado em lei, porém há maior falta de escrivães, investigadores e agentes policiais.
Os números fazem parte do levantamento “Defasômetro” que o Sindpesp fez em todo o estado e que mostra que o ABC está em situação muito mais grave do que o restante do estado quanto a falta de policiais civis. A média estadual é de 34%, enquanto que no ABC está em torno de 40%. A presidente do Sindipesp, a delegada Raquel Kobashi Gallinati, considera que a região precisa de maior atenção por parte do estado.
O déficit estadual está perto de 34%, então, em média, a Polícia Civil trabalha com cerca de 66% dos seus cargos ocupados no Estado. As seccionais de Santo André, São Bernardo e Diadema estão abaixo da média e trabalham com cerca de 60% dos seus cargos ocupados. Além de sobrecarregar os policiais, que chegam a realizar a função que deveria ser feita por quatro pessoas, esse déficit compromete muito a qualidade do serviço de investigação e a segurança pública dos moradores da região”, analisa.
Raquel relata que não apenas falta pessoal nas delegacias, mas a estrutura material também é deficiente. Ela vai apresentar um relatório à SSP (Secretaria de Segurança Pública) com os números apurados pelo sindicato. “Esse déficit é um dos problemas que formam o cenário agonizante da Polícia Civil de São Paulo. Hoje trabalhamos com equipamentos obsoletos, viaturas sem manutenção e delegacias em péssimo estado de conservação. Tudo isso, somado ao fato da Polícia Civil de São Paulo receber o pior salário do país”, aponta.
Segundo o governo do estado, para atividades de polícia judiciária, serão nomeados 885 profissionais, sendo 32 delegados, 600 investigadores, 54 agentes de telecomunicação, 30 papiloscopistas, 86 auxiliares de papiloscopista e 83 agentes policiais. Após a nomeação, esses candidatos também tomarão posse e, em seguida, iniciarão o curso de formação na Academia de Polícia Dr. Coriolano Nogueira Cobra (Acadepol).
A secretaria de segurança informa ainda na atual gestão, foram contratados mais de 7,1 mil policiais, sendo 5.060 militares, 1.323 civis e 765 técnico-científicos. Além disto, outros 3,5 mil profissionais passam atualmente por formação, sendo 3.361 policiais militares entre soldados e alunos-oficiais e 218 delegados para a Polícia Civil. “Muito brevemente, teremos 16.602 policiais novos atendendo a população de São Paulo”, destacou o General João Camilo Pires de Campos, Secretário da Segurança Pública do Estado.
A seguir o déficit de cada delegacia seccional do ABC:
fonte: Sindipesp