Reeleita com 4.728 votos, Ana Nice (PT) entrará na Câmara de São Bernardo a partir de 2021 como a mais votada do bloco de oposição ao prefeito Orlando Morando (PSDB). Apesar do desafio futuro, a petista relatou ao RDtv nesta segunda-feira (7/12) sobre seu processo de representatividade de dois grupos com pouca representação na política, as mulheres e os negros.
Na eleição de 2020 apenas nove negros foram eleitos para vereança, sendo apenas duas mulheres, Suely Nogueira (Podemos, São Caetano) e Ana Nice. Outras duas representações dos afrodescendentes são o prefeito eleito de Rio Grande da Serra, Claudinho da Geladeira (Podemos), e a vice-prefeita eleita de Diadema, Paty Ferreira (PT).
Tal situação é vista por Ana como um histórico processo de discriminação. “A mulher no Brasil já sofre discriminação e a mulher negra sofre discriminação por ser mulher e por ser negra. Isso é devido a toda a cultura, todo o histórico que o nosso país tem, de ser um país escravagista, da mão de obra compulsória, então é todo um legado ruim, infelizmente, de toda a história do nosso país, e a luta contra o preconceito e a discriminação no nosso país sempre existiu, mas infelizmente o nosso país ainda é um país machista, um país racista, é um país que discrimina mulheres negras e homens negros”.
A própria vereadora foi vítima de racismo em 2017 quando uma página no Facebook resolveu criticá-la por causa do seu penteado afro, fato que levou a uma campanha de combate ao preconceito racial.
Para a são-bernardense é necessário ter um processo de fortalecimento da cultura afro como forma de atrair mais os negros e negras para a política, e assim ter um grupo que consiga ampliar essa representatividade nos legislativos e nos executivos por todo o país. Um processo que em sua visão passa tanto pelo Poder Público quanto pelos partidos.
A representação destes grupos é um dos trunfos de Ana Nice para emplacar um aumento de mais de 600 votos em relação a eleição passada, o que fez ser reeleita. Agora a vereadora considera que os desafios aumentaram com a maioria na Câmara pró-Morando.
“Claro que só vamos conseguir ver isso direito no dia 1º de janeiro, pode acontecer de ter um ou outro partido que possa ir para oposição, mas o PT vai marcar sua posição”, disse a legisladora que revelou que não houve ainda uma reunião entre os petistas para definir como se dará a presença da bancada com quatro parlamentares na disputa pelas cadeiras da mesa diretora da Câmara.