Internet se equipara às vendas dos shoppings pela primeira vez

Pesquisa aponta que pela primeira vez a internet supera o shopping em preferência para comprar. (Fonte: PIC de Natal/Metodista)

A PIC (Pesquisa de Intenção de Compra) para o Natal no ABC, apontou pela primeira vez uma equiparação entre o comércio eletrônico e as vendas nos shoppings, com ligeira vantagem para a internet. A pesquisa é realizada pelo Observatório Econômico da Universidade Metodista, que validou 323 questionários online. O levantamento tem nível de confiança de 95% e margem de erro de 4,5 pontos percentuais.

De acordo com a pesquisa, que foi divulgada nesta quinta-feira (10/12), a maioria dos entrevistados (29,9%) disse que vai fazer suas compras pelos corredores virtuais da internet, em segundo lugar  vem o shopping center, com 28,9%, tecnicamente empatados. Para o professor de economia e coordenador do Observatório Econômico da Metodista, Sandro Maskio, 2020, por influência da pandemia da covid-19, já deixou suas marcas nos hábitos de consumo. “Maior frequência é de consumidores que vão comprar pela internet o que nunca tinha acontecido. Os shoppings eram a preferência. O maior acréscimo foi da internet, que subiu de 25%, no ano passado para quase 30%, enquanto o shopping caiu de 40%, em 2019, para 28%”, compara.

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A preferência pelo comércio do Centro da cidade ficou praticamente igual com 1% de variação e o comércio de bairro também se manteve com 6,2%. “O interessante é que o comércio de bairro não sentiu muito esse impacto, teve a participação semelhante de anos anteriores. O que explica isso é ele ser muito visitado pelos vizinhos, estão muito próximos; traz uma segurança a mais”, analisa o professor da Metodista.

Outra mudança de hábito de consumo por conta da pandemia da covid-19 está nos itens a serem comprados. Vestuário e calçados mantiveram-se em primeiro lugar (com 29,7%), mas a novidade está na segunda posição, que antes era ocupada por perfumes e cosméticos que agora vem em terceiro na escolha do consumidor. O segundo item mais apontado pelos pesquisados para a compra de Natal é o brinquedo, citado por 14,3%, ficando 2,3 pontos percentuais acima dos cosméticos.

Modesto

De acordo com a PIC, o Natal deste ano será mais modesto do que o do ano passado. A pesquisa mostra uma queda de 20% na movimentação financeira, já descontada a inflação que nos últimos doze meses bate 4,31%. O tíquete médio, que aponta o gasto médio por presente caiu dos R$ 132 apontados no ano passado para R$ 129 este ano, queda de 6,3% já descontada a inflação.

Pesquisa mostrou que gasto médio por presente caiu de R$ 132 para R$ 129 ente o ano passado e este. (Fonte: PIC de Natal/Metodista)

O valor total de compras, ou seja, o todo que o consumidor vai gastar com presentes este ano, também caiu de R$ 412 do ano passado, para de R$ 393, o que, considerando a inflação, representa queda de 8,5%. O número de pessoas a serem presenteadas também diminuiu; no ano passado os entrevistados disseram que presenteariam em média 4,5 pessoas, esse número caiu para 3,5.

“Vamos ter um Natal bem mais modesto que no ano passado, tendo em vista esse contexto de retração da economia, marcado pela pandemia. As pessoas estão com fluxo de renda menor, a própria atividade comercial com restrição de funcionamento e as pessoas com mudanças de hábitos, saindo menos de casa. Com isso vem um maior consumo pela internet. Esses são os fatores que vão marcar esse Natal”, avalia o professor Sandro Maskio. “O fato de presentear uma pessoa a menos, no agregado é uma queda bastante significativa e contribui muito para essa queda total de 20% na movimentação financeira”, continua.

Na análise do economista da Metodista, não há nenhuma surpresa. “Está dentro do que eu esperava, a gente tem um cenário econômico muito duro. O PIB (Produto Interno Bruto) caiu 3,4% nos últimos doze meses, é uma queda considerável. Situação muito grave do mercado de trabalho com 14,4% de desemprego 30,3% de subutilização da mão de obra. O fluxo de renda menor impacta diretamente o fluxo de consumo. A redução do auxílio emergencial do governo também influencia”, conclui o professor.

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