Em entrevista ao RDTv, o empresário Norberto Perrella, presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) regional de Santo André, Mauá Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, disse que apesar de todos os problemas na economia gerados pela pandemia da covid-19, a indústria fecha 2020 com um saldo positivo. O setor que chegou a quase parar nos primeiros meses da pandemia, viu o volume de vendas crescer a ponto de superar em até 30% o volume comercializado em fevereiro, um mês antes da chegada do vírus ao país. Com isso, há poucos dias de fechar o ano, o setor deve comemorar uma alta entre 15% e 20% sobre o ano fechamento do ano passado.
“Fechamos 2019 com um déficit fiscal bem menor (comparado a 2018) e começamos 2020 com uma perspectiva de melhoria de mercado, que vinha mostrando sinais de aquecimento e aí com a chegada da pandemia, e, março, a coisa começou a fugir do controle e de qualquer tipo de planeamento. Na segunda quinzena o mundo parou e a indústria entrou abril faturando de 10% a 15 % do que seria o normal. O que ajudou foi a sensibilidade do governo para viabilizar a passagem por aquele ciclo; fomos contemplados com possibilidade de readequação de quadro de funcionários e de jornada de trabalho o que ajudou muito”, relembra Perrella,
A surpresa, segundo o presidente do Ciesp viria no último trimestre do ano. “Em junho e agosto passamos a ter sinais de aumento de consumo. Um aumento muito forte, talvez por causa dos auxílios emergenciais, entramos em setembro, outubro e novembro com alta muito forte, isso falando do mercado em geral, acréscimos de faturamento de 25% a 30% sobre o que faturávamos em fevereiro e nenhuma empresa estava preparada para essa alta de volume, com isso faltaram insumos”, narra o empresário
Com as empresas produzindo com sua capacidade máxima para dar conta dos pedidos, faltou algodão, aço e agora a falta é no setor de embalagens principalmente o papelão. “Isso fez com que o resultado do ano de 2020, mesmo contabilizando o prejuízo que se teve nos meses de abril e maio, vamos conseguir fechar com saldo positivo e até superior ao que fechado em 2019, o que é uma surpresa total diante do que se pintava”, aponta Perrella.
“Em termos de faturamento a gente pode dizer que vamos fechar o ano em torno de 15% a 20% superior a 2019. Mesmo com a pandemia. Por isso que hoje o grande problema da indústria é a falta de suprimentos. No meu caso tive que colocar a empresa trabalhando 24 horas e ainda terceirizar parte da produção por falta de capacidade produtiva”, exemplifica. Perrella que dirige a Ferkoda, artefatos de metais, tinha no início do ano 330 funcionários, com a pandemia dispensou 200 e agora está com 395 operários em sua fábrica. “Tivemos que contratar gente mesmo sem experiência”, comentou.
Para Perrella o pagamento do auxílio emergencial é um dos principais fatores dessa alta do consumo. “Sem dúvida nenhuma, esse dinheiro que foi colocado no mercado teve grande participação nessa mudança do patamar esperado no planejamento de qualquer empresa. Os juros baixos também fizeram as pessoas investirem em bens duráveis. Com isso a indústria da construção civil foi a primeira a dar sinais de crescimento, depois a de eletrodomésticos de alimentação e de embalagem. De maneira geral o mercado está bastante aquecido”, comenta.
Para 2021 o presidente do Ciesp diz que é difícil fazer previsões. “Sem o auxílio emergencial o consumo deve voltar aos patamares anteriores, mas como os grandes magazines e os seus fornecedores estão sem estoque nenhum esse movimento da indústria deve continuar aquecido até março”, conclui.