O RD recebeu nesta sexta-feira (21/01) uma denúncia de que funcionários que atuam na parte administrativa do Hospital Dr. Radamés Nardini, em Mauá, receberam a primeira dose da vacina Coronavac, antes de outros profissionais de saúde que lidam diretamente com os casos de covid-19. A prefeitura informou que vai apurar a denúncia.
Um enfermeiro, que preferiu não ser identificado por medo de represálias, disse que foram vacinados funcionários da administração que nada têm a ver com a linha de frente de atendimento aos pacientes com covid-19, enquanto isso ele e outros funcionários que trabalham diretamente com os infectados ainda aguardam a vez para serem vacinados. Pelo menos dois funcionários administrativos ligados à Fundação do ABC, foram vacinados.
Os casos são de um homem e uma mulher que trabalham na administração do Nardini. “São pessoas que não têm nenhum contato com os doentes de covid. Eu, que atendo pacientes infectados o dia inteiro, fiquei sem vacina”, relatou o servidor.
A Fundação do ABC, que presta serviço no Cosam (Complexo de Saúde de Mauá), que inclui o hospital Nardini informou através da assessoria da prefeitura, que considera os funcionários da administração como “linha de frente”. “Em contato com a Fundação do ABC, a Secretaria de Saúde de Mauá recebeu a informação de que os colaboradores citados trabalham no plantão administrativo noturno do Hospital Nardini. Ambos acessam frequentemente todas as áreas de covid-19 para levar prontuários, buscar documentações e verificar pedidos de vagas na CROSS (Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde), com intensa circulação em todos os setores do hospital. Por essa razão, os cargos são classificados como linha de frente da atenção aos casos da doença, em perfeito enquadramento à definição estipulada pela Vigilância Epidemiológica de Mauá”, diz o informe.
Sobre a resposta, o servidor que ainda aguarda a vacina, disse que os funcionários citados não se enquadram na resposta da Fundação. “Esses funcionários não trabalham à noite, atuam em horário normal da administração e não estão expostos como outros”, rebate.
Mesmo com o posicionamento da Fundação do ABC, a prefeitura de Mauá informou que vai apurar o assunto. “De qualquer maneira, a Secretaria de Saúde de Mauá vai apurar as denúncias e tomar as providências necessárias. Todas as unidades de saúde da cidade para as quais o imunizante foi encaminhado têm ciência de que a quantidade de doses recebidas pelo município é insuficiente para toda a rede. Por isso, a orientação e determinação do governo é no sentido de que apenas profissionais da linha de frente do combate à covid sejam vacinados nesta primeira fase. Até o momento, Mauá vacinou 3.103 profissionais de saúde e 152 idosos em ILPIs (Instituições de Longa Permanência de Idosos)”, informou em nota.