O setor de entretenimento é, sem dúvidas, o mais prejudicado com as medidas do governo para a contenção da pandemia da covid-19. Ainda não há números oficiais, mas há muitos relatos de empresas que fecharam nos onze meses desde as primeiras medidas adotadas para o enfrentamento ao novo coronavírus. Desde segunda-feira (25/01) e até o dia 07/02 as festas estão proibidas entre as 20h e 6h durante a semana e também não podem acontecer aos sábados e domingos, segundo a nova classificação do Plano São Paulo. Em entrevista ao RDTv, as empresárias Adriana de Faveri e Flávia Calixto, donas do Buffet Brinca Piá e FC Buffet e Decorações, respectivamente, contam como é o drama para tentar pagar as contas diante das sucessivas medidas que impedem o funcionamento das festas.
Adriana conta que foi difícil enfrentar os contratantes de festas e informar que a comemoração contratada deve ser prorrogada por conta da proibição do governador. “Tivemos muito pouco tempo para cancelar as festas deste final de semana. Mais uma vez tivemos que abaixar a cabeça e conversar com o cliente para dizer que vai ter que prorrogar a festa. Aí tem o estoque e toda a cadeia que vai junto com a gente. O que mais precisamos agora é voltar a trabalhar. Eu tinha quatro festas e consegui remarcar todas. São datas que vou deixar de vender para outras pessoas. Não estamos nos opondo ao plano, mas se o governo não quer que a gente trabalhe precisa dar subsídios”, disse a empresária.
Da mesma forma Flavia Calixto disse que teve que cancelar festas. “Eu tinha quatro decorações para fazer; são quatro mães, quatro sonhos e vira uma bola de neve. Eu tinha clientes que tinham casamento já reagendado do ano passado e casamento é uma estrutura gigantesca aí a gente vai e avisa o casal que em dois dias não pode mais casar, então é um desespero total. Tem gente que desiste e casa só no civil e pede o dinheiro de volta. As contas vão virando um bolo e a gente não tem o que fazer”, reclama.
Os prejuízos se acumulam, as dívidas vão crescendo e para não fechar as portas de vez as empresárias recorrem aos bancos que cobram juros altos. “Tive um prejuízo em torno de R$ 500 mil, graças a Deus não perdemos vidas, mas temos que pagar aluguel e empréstimo com banco para honrar os compromissos. Nós somos pró vida, temos todos os protocolos e a gente não pode ficar com esse abre e fecha que acaba com a nossa saúde financeira e emocional. Pedimos socorro ao governo do estado, que o governador venha numa festa nossa para ver que não há perigo. Nós não somos os vilões dos números de covid estarem aumentando, ao contrário das festas clandestinas e praias lotadas”, aponta a proprietária do Buffet Brinca Piá.
Já Flavia Calixto diz que o FC Buffet e Decorações acumula R$ 300 mil em perdas. “A gente está há um ano reagendando festas. Não consigo imaginar o prejuízo, estamos vivendo de migalhas. Eu não quero auxílio de governo a gente quer trabalhar queremos ter o nosso direito. Estamos nos sentindo mais que enforcados. A gente tem um protocolo de segurança com 26 páginas que permite poucas pessoas”, destaca.
Adriana de Faveri conta que pelo menos 10 buffets já fecharam as portas somente em Santo André e o número de desempregados é de no mínimo 20 para cada estabelecimento, fora os fornecedores como as boleiras, que dependem da agenda dos buffets. “Eu não sei até quando eu vou conseguir manter. De freelancers eu tinha, por festa, na média de 40 pessoas e muitas deixaram de fazer a faculdade que pagavam com o extra que ganhavam nas festas”. Já Flavia disse que já dispensou os funcionários que tinha com carteira assinada. “A gente precisa respirar para conseguir pagar uma conta e segurar meus funcionários”, conclui.