Desde que a pandemia do coronavírus começou, em março de 2020, novas medidas de isolamento social foram criadas na tentativa de frear o avanço do número de infectados e mortes. No entanto, as aglomerações de pessoas, comportamento que oferece grande risco de contágio, têm sido um desafio para os gestores e a Polícia Militar, e o calcanhar de Aquiles de muitos bairros.
Em São Bernardo, desde o início da pandemia, 11 multas foram aplicadas por aglomerações e outros processos de autuações seguem em curso. Conforme mapeamento da GCM (Guarda Civil Municipal), os pontos com maior incidência de aglomerações são avenida Doutor Rudge Ramos, avenida Jeronimo Moratti (Vila Carminha), rua Visconde de Cairu (Jardim Silvina), Estrada da Pedra Branca (Areião) e a avenida Claudia (Bairro dos Casa). A fiscalização da Vigilância Sanitária atua com medidas preventivas para o cumprimento dos protocolos sanitários.
Em Santo André, foram adotadas 426 medidas, entre orientações, termos, interdições, multas, entre outros, desde o início da pandemia devido a locais com aglomerações. Destas, sete multas foram aplicadas. Problema é que os eventos são itinerantes e migram de local. Um morador do Jardim Santa Cristina, que preferiu não ser identificado, diz que os constantes bailes no bairro impedem o descanso dos moradores, já que as aglomerações acontecem até em frente aos portões. “Nenhum morador consegue entrar ou sair de casa e nenhum carro consegue passar pela rua por conta da quantidade de pessoas” afirma.
Em São Caetano, já foram registradas 315 autuações, 135 lacrações e 10 multas por aglomeração. Segundo a Prefeitura, o principal ponto do tipo de ocorrência foi um espaço de eventos, lacrado em janeiro. A maioria das reclamações feitas por moradores é de casas de show na avenida Goiás, que não respeitam as normas e causam tumulto em período em que o isolamento social deveria ser seguido à risca.
Mauá realizou nove autuações e um proprietário de bar chegou a ser encaminhado ao Distrito Policial por desobediência ao romper o lacre de interdição do estabelecimento. Além disso, foram apreendidos 40 motocicletas e veículos que estavam com som alto ligado. Em operação realizada pelas equipes da GCM, na madrugada de 16 de janeiro, as autoridades interromperam um baile funk com aproximadamente 600 pessoas no Jardim Zaíra, um dos principais alvos de reclamações dos munícipes.
Em Mauá, as denúncias podem ser feitas no telefone 156 da Prefeitura, de segunda a sexta-feira das 8h às 17h, e no 153, da GCM, a qualquer hora.
Rio Grande da Serra não aplicou nenhuma multa do gênero, mas recebeu denúncias de aglomeração em bares, tabacarias, e eventos não autorizados.
Em Diadema, um dos principais problemas são os bailes funk, que, muitas vezes, acumulam centenas de pessoas. Um morador do bairro Casa Grande, que preferiu não ser identificado, diz que só as proibições não são suficientes. “Por aqui as festas vão até de manhã. Tem música a noite toda e muita bebedeira. Ninguém respeita a quarentena. A fiscalização da Prefeitura e da PM é falha”, reclama.
O pneumologista Elie Fiss afirma que a única maneira de as regras de isolamento social serem menos rígidas é quando grande parte da população já estiver vacinada. “Só quando todos os idosos, os profissionais da saúde e a maior parte da população estiver imunizada, as medidas de isolamento poderão ser afrouxadas” afirma Fiss.
Beatriz Gomes e Ingrid Santos