A infectologista de Santo André, Elaine Matsuda, disse que a vacina contra a covid-19 não traz ainda a normalidade para a vida do brasileiro. Mesmo após tomadas as duas doses do imunizante, o comportamento deve continuar o mesmo, com uso de máscara o tempo todo em que estiver fora de casa e mantendo o distanciamento social. “A vacina não é um passaporte para o mundo normal”, destaca a profissional de saúde, que participou do RDTv desta sexta-feira (12/02), sendo entrevistada pelo jornalista Leandro Amaral. A médica também respondeu a dúvidas dos internautas sobre a vacinação, efeitos colaterais e a pandemia.
“Para poder a produzir anticorpos leva um tempo entre a vacina e se tornar imune. Essas vacinas são ferramentas a mais e que previnem os casos graves. A Coronavac previne dos casos graves; os estudos mostraram que 50% pegaram, mas não de forma grave e 50% não pegaram”, disse a infectologista reforçando que mesmo vacinados temos que continuar usando máscara e se protegendo. “Quando você fica doente e se isola é porque tem solidariedade ao outro e quando toma a vacina e continua usando máscara e se isola, também está sendo solidário”.
Sobre a vacina em idosos, a especialista diz que esse público é mais sensível, então mesmo depois de vacinados os cuidados com a higienização das mãos, o uso das máscaras e o distanciamento devem continuar. “Os estudos foram feitos na população mais jovem e o idoso é como uma criança, ou seja, não tem as mesmas defesas. Então não dá para pagar para ver, não dá para sair de peito aberto sem máscara. Tem que tomar vacina e ter o distanciamento social, se substituir o isolamento pela vacina pode não dar certo”, diz a infectologista.
Elaine Matsuda disse, baseada no andamento da vacinação no país, que ainda vai demorar para que a vacina chegue ao público em geral. “Infelizmente houve um atraso pela visão dos governantes quanto a se abastecer com vacinas. Temos um presidente que nega a importância da pandemia e da vacina e não se planejou adequadamente. Enquanto Israel já vacinou 70% da sua população a gente mendiga por doses. Poderíamos ter um percentual muito maior da população vacinada”, comenta para em seguida repetir que a vida ainda vai demorar para voltar à normalidade. “Vai ser melhor, claro, mais não dá para achar que com 100% da população vacinada vai ser tudo normal”.
Um internauta falou sobre a possibilidade de obrigatoriedade da vacinação, pergunta que foi respondida com a negativa da especialista. “A pessoa não é obrigada a tomar a vacina, mas tem que ver que o isolamento é ato de amor ao próximo e tomar vacina também. Diferente do HIV que se transmite pelo ato sexual e, portanto, é uma questão só de quem pegou, com o coronavírus se eu passar para outra pessoa eu posso matar. É um ato egoísta não se vacinar, exceto se ficar em casa em isolamento. Você pode matar alguém mesmo se tiver sintomas só como os de uma gripezinha”.
Ao falar da vacina em idosos, Elaine Matsuda, comentou também sobre a volta às aulas e sobre as crianças que moram com os avós. “Com as crianças voltando para a escola os idosos vão ter que manter a distância mesmo vacinados”, recomenda.
A infectologista conclui dizendo lamentando o número de mortes e destacando que agora morrem mais pessoas do que no início da pandemia e as pessoas estão baixando a guarda quanto às medidas de prevenção. “Eu diria que a gente está no pior momento, mas o brasileiro se acostuma com tudo e banaliza as coisas. Em 18 de março tinham poucos casos e fechou tudo, agora estamos há semanas com mais de mil mortes por dia e abriu tudo. Não consigo ver coerência. Se todo mundo perdesse junto a gente perderia por menos tempo. As pessoas não têm bom senso, por isso tem ser uma coisa radical de duas ou três semanas para brecar o avanço”, conclui.