Ex-ministro diz que ABC não deve ficar refém do Ministério da Saúde

Mesmo com o Brasil em processo de vacinação de grupos prioritários contra o novo coronavírus, o ex-ministro da Saúde, Arthur Chioro, diz em entrevista ao canal RDtv, acreditar que se o País continuar no mesmo ritmo de imunização a meta será atingida apenas no segundo semestre de 2022, com 70% da população vacinada. Também sugere as prefeituras do ABC agirem em paralelo ao governo federal no combate à pandemia.

O ex-ministro salienta que os secretários regionais não podem ficar refém do Ministério da Saúde e governo federal. “Secretário que ficar refém peça o boné, é muito fácil trabalhar quando tem uma coordenação do Ministério, mas é nessas horas que a autoridade sanitária local vai ter de se virar no sentido de prover aquilo que o governo federal não tem provido”, diz o também ex-secretário de São Bernardo.

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Chioro diz que as cidades devem atuar em conjunto para que as ações sejam mais efetivas. Acho importante, pensando na região metropolitana de São Paulo, que cada secretaria não imagine que é capaz de resolver os problemas isoladamente. Os sete municípios junto com o Estado são muito mais fortes do que se cada um atuar sozinho e seriam naturalmente muito mais fortes se pudessem contar com o governo federal nessa empreitada”, salienta.

Butantan voltou atrás

Para Chioro, o Brasil somente vai atingir a meta de vacinação, se continuar “com essa desorganização”, no segundo semestre de 2022. “O próprio Instituto Butantan, que dizia em dezembro que teria capacidade de produção de 1 milhão de doses por dia, reportou a capacidade de 426 mil doses da vacina”, comenta.

O ex-ministro ainda fez duras críticas ao governo federal e a forma com que atua com a pandemia. Diz que situação do País é grave e que a população passou a naturalizar os casos e mortes pela doença. Afirma que é preciso se atentar à chegada do outono e inverno, por conta da sazonalidade da doença. “Estamos com os números altíssimos, é como se 37 aviões caíssem no território por semana. Sou muito claro, a atitude do governo Bolsonaro é criminosa”, sentencia.

Liderança na lata do lixo

Sobre a distribuição e vacinas e efetividade do plano nacional de vacinação, Chioro lamenta que o País tenha deixado de lado aspectos importantes. “É uma tragédia, não se pode alegar falta de recursos financeiros. A liderança que o Brasil construiu desde 1949, do ponto de vista de representação regional na OMS [Organização Mundial de Saúde], está na lata do lixo, somos facilmente substituídos”, comenta.

Ainda que não tenham sido aprovadas em território nacional, várias vacinas serem aplicadas em um mesmo país é positivo, o que pode ter efeito para análise da eficácia, segundo o ex-ministro. “O fato de trabalharmos com um número maior de vacinas pode nos ajudar a identificar quais os grupos populacionais que respondem melhor a um certo tipo de vacina e não a outro”, completa.

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