O presidente do Consórcio Intermunicipal Grande ABC e prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), foi até Brasília nesta terça-feira (23/2) para uma reunião com o Ministério da Economia na tentativa de manter empregos na indústria de pneus. Com empresários da região e sem o sindicato da categoria, o tucano tenta evitar futuras demissões no setor. O Sintrabor (Sindicato dos Borracheiros da Grande São Paulo e Região) tenta angariar fundos para bancar um processo no STF (Supremo Tribunal Federal) para reverter o decreto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Acompanhado do presidente da Anip (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos), Klaus Curt Müller, do presidente da Bridgestone na América do Sul, Fabio Fossen, e do deputado federal Alex Manente (Cidadania), Serra conversou com o subsecretário de Ambiente de Negócios e Competitividade, Jorge Lima, e apresentou os dados do setor e as possíveis consequências das medidas tomadas pela União.
Em janeiro, o Governo Federal zerou a alíquota do imposto de importação de pneus de carga (para caminhões e ônibus) de 16% para zero, fato que causou preocupação por parte dos empresários e dos trabalhadores que consideram que tal situação pode gerar o desemprego, principalmente se for ampliada para o setor agrícola que nos últimos meses fez com que não houvesse vagas perdidas em meio pandemia.
“Os postos de trabalho na indústria da borracha ficaram em risco com a decisão de baixar a alíquota para o pneu importado. Por isso, como presidente do Consórcio ABC, buscamos diálogo e alternativas que garantam equilíbrio entre oferecer um preço justo ao consumidor, mas preservando também os investimentos, os empregos e gerando renda para a nossa gente”, explicou Paulo Serra.
Sindicato
Segundo os dados do Sintrabor, só no ABC são 8 mil empregos diretos no setor de pneumáticos e o entendimento é de que caso ocorra uma ampliação da tarifa zero para importação é que haja uma movimentação de exportação de pneus, assim beneficiando a indústria internacional.
Procurado pela reportagem, o presidente da entidade sindical, Marcio Ferreira, afirmou que não sabia do encontro marcado na Capital Federal e demonstrou a falta de espaço existente nas conversas sobre o assunto, até mesmo comparando a medida federal com as palavras de Bolsonaro sobre a Petrobras e que acarretaram a queda das ações da empresa. O sindicalista não pretende procurar a entidade regional para saber do que foi tratado na reunião.
“Eu não vou procurar o prefeito (Paulo Serra) e não vou procurar as empresas, porque eu acho que foi uma falta de respeito do prefeito e da empresa de não ter chamado o representante dos trabalhadores. Se a posição (do Governo Federal) for mantida e isso causar demissões, o sindicato vai parar a empresa”, afirmou.
A ideia para o momento é angariar dinheiro para bancar um escritório de advogados em Brasília e entrar com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra a medida do governo Bolsonaro que na visão de Ferreira ocorreu por pressões da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes e Veículos Automotores) e sem estudos técnicos sobre as consequências.