Após avaliação de 18 amostras de infectados pela covid-19 em São Caetano, o infectologista e docente da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Fabio Leal, revelou ao RDtv nesta quinta-feira (4/3) que 10 casos apresentaram ser da cepa P.1, popularmente conhecida como a “variante de Manaus”, assim sendo a primeira confirmação oficial de casos deste tipo na região.
Segundo Leal, as análises foram feitas pelo Instituto de Medicina Tropical de São Paulo com o auxílio da USCS que colaborou na amostragem e no sequenciamento a partir da plataforma Corona São Caetano. As amostras avaliadas são oriundas da semana passada. Em período anterior outras 30 amostras também passaram pelo mesmo processo.
Ainda sem os dados sobre a situação da cepa na cidade, o especialista alerta que não é possível dizer que a variante só infecta que esteve na capital amazonense ou que teve contato com alguém infectado por lá. “A variante já está circulando em várias regiões do país e infelizmente na nossa vigilância hegemônica, como chamamos a genotipagem e o sequenciamento das amostras, ainda é muito falho no Brasil e é difícil determinar quais são as regiões com que mais frequência está acontecendo isso”, explicou.
Segundo o Observatório da Fio Cruz, a mutação é responsável pela maioria dos casos em seis estados brasileiros: Ceará (71,1%), Paraná (70,4%), Santa Catarina (63.7%), Rio de Janeiro (62,7%), Rio Grande do Sul (62,5%) e Pernambuco (50,8%).
Na região existem suspeitas de casos em Ribeirão Pires e São Bernardo também, porém, ainda sem uma confirmação oficial. Fabio Leal alerta que pelo cenário existente na região é muito difícil que não haja algum caso do mesmo tipo em todas as cidades.
Preocupação
Às vésperas de São Paulo entrar totalmente na fase vermelha do plano estadual, ou seja, com mais restrições, uma das principais preocupações dos especialistas é o entendimento da população para que atendam o apelo da ciência para que façam de maneira clara as medidas protetivas como ficar em casa, lavar às mãos com frequência, só sair quando houver necessidade, usar máscara e criar um distanciamento de dois metros das pessoas.
O infectologista considera que a falta de uma coordenação nacional e as diferenças entre os discursos dos mais diversos entes facilitam na falta de entendimento das pessoas, e que a ciência se faz valer da imprensa para que possa orientar da maneira correta as pessoas.
Outro ponto de preocupação é a velocidade de vacinação e aceitação das pessoas. Por mais que nenhum imunizante já autorizado no mundo evite que a pessoa pegue a doença, Leal alerta que a eficácia é grande para evitar casos graves e aguarda uma aceleração da imunização para saber qual será a influência na queda dos números, mas faz um alerta.
“Infelizmente não sabemos quando vamos ter condições de voltar ao chamado normal, podemos ficar mais tempo com essas medidas. Hoje é impossível cravar uma data, mas a vacina é uma esperança, sim e temos que confiar nela”, concluiu.