Cobrando um compromisso do prefeito Paulo Serra (PSDB) cerca de 200 transportadores escolares tomaram as ruas entre o estádio Pedro Dell´Antonia e o Paço de Santo André na manhã desta segunda-feira (08/03). Os manifestantes reivindicam uma linha de crédito através do Banco Andreense; ajuda pecuniária como um auxílio emergencial e permissão para usar as vans em outras atividades, enquanto as aulas não voltam no formato presencial em sua totalidade.
“Estamos cobrando um compromisso que o prefeito firmou em outubro durante uma agenda com os transportadores. Nos deram cesta básica e suspenderam a cobrança do imposto, mas isso não é suficiente. O prefeito nos disse que daria uma linha de crédito e um auxílio e até agora nada”, disparou o presidente do Sitem (Sindicato dos Transportadores Escolares de Santo André), Claudio Norberto Caldas. “Essa ajuda emergencial é muito importante porque tem transportador que perdeu o veículo porque era financiado e ele não tinha mais como pagar. Estamos há um ano parados e sem ajuda nenhuma”, continua o sindicalista.
A situação dos transportadores é uma das mais dramáticas entre todos os setores prejudicados durante a pandemia da covid-19. É o caso de Beatriz Aparecida Cunha, que trabalha há dois anos com o transporte de crianças. Com a van financiada, restando ainda 24 parcelas para pagar, ela e o marido se viram como podem, fazendo bicos para pagar as contas, e garantir que nada falte à filha do casal. “Estamos fazendo bicos para sobreviver, eu faço faxina quando dá, mas também tenho que cuidar da minha filha. Meu marido faz corridas como motorista de aplicativo, mas com o carro emprestado. A gente morre de medo de acontecer alguma coisa com ele. Estão assaltando muito motorista”, lamenta.
Beatriz conta que as vans escolares sofrem com bloqueio por conta da atividade que exercem. Com isso os donos dos veículos não podem atuar em qualquer outra atividade. “Não queremos só o auxílio, nós queremos trabalhar. Se nós pudéssemos prestar serviço para a prefeitura ou fazer algum outro tipo de transporte já ajuda, porque as aulas não vão voltar tão cedo e mesmo se voltar nem todos os pais vão mandar os filhos para a escola”, comenta.
A prefeitura de Santo André e os transportadores terão uma reunião para tratar deste assunto na quarta-feira (10/03) às 18hs. Para os transportadores essa abertura para conversar foi uma conquista do movimento, por conta do ato desta segunda-feira, mas segundo a prefeitura a agenda já estava marcada. O que os transportadores negam.
Em nota, a prefeitura disse que se os transportadores escolares se sentem prejudicados, eles não são os únicos. “A prioridade da Prefeitura de Santo André neste momento é a saúde, com o objetivo de preservar vidas. Várias categorias foram prejudicadas pela pandemia, não apenas os transportadores escolares. Nosso inimigo comum é o coronavírus. A Prefeitura está fazendo adequações orçamentárias para enviar, neste mês de março, para a Câmara Municipal projeto de lei que cria o Banco do Povo Andreense. Com a iniciativa, o município vai ofertar linhas de crédito em condições especiais para as categorias afetadas diretamente pela pandemia, o que beneficiará não somente os transportadores, mas trabalhadores das mais diversas áreas. A Prefeitura tem uma reunião marcada com a categoria para esta quarta-feira (10), que já tinha sido agendada antes desse protesto. Não fomos informados sobre essa manifestação”, diz a nota.
No ano passado, a prefeitura distribuiu cestas básicas para os transportadores escolares e outras categorias. A prefeitura relatou ainda ações e medidas mitigadoras relacionadas ao transporte escolar, realizadas desde o início da pandemia e que beneficiaram 416 permissionários: entrega de 2.545 cestas básicas em 2020; prorrogação por um ano para a substituição dos veículos escolares que completarão 15 anos de fabricação; prorrogação por um ano do vencimento dos alvarás, que seriam renovados entre os meses de março e dezembro de 2020, e janeiro e fevereiro de 2021, consequentemente isentando os permissionários do custo da taxa de renovação e vistoria técnica; reunião com o Banco Sicoob, possibilitando a concessão de empréstimos pela cooperativa; autorização para condutor auxiliar trabalhar em substituição ao permissionário escolar, para realização de cursos e treinamentos.