Com um dia de antecedência em relação a previsão, Ribeirão Pires entrou em colapso em seu sistema de saúde. O prefeito Clovis Volpi (PL) afirmou nesta terça-feira (9/3) que a cidade não conta mais com condições de atendimento aos infectados pela covid-19 na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e no hospital de campanha. Duas pessoas morreram na espera de leitos de UTI e outras cinco aguardam na fila.
“Como nós havíamos previsto e dito há alguns dias atrás que nós teríamos um mês de março terrível, principalmente que começássemos depois do dia 10 de março, isso está acontecendo. Hoje Ribeirão Pires entrou em colapso, ou seja, nós não temos mais condições de manter o pronto atendimento as pessoas com covid dentro da UPA. Nós não temos mais vagas no nosso hospital de campanha (sic)”, explicou.
Volpi também alegou que a situação está crítica em toda a região, tanto nos leitos específicos na rede pública quanto na rede privada, o que chamou de “momento drástico”. O chefe do Executivo pediu para que as pessoas que tenham qualquer tipo de enfermidade que não seja o novo coronavírus que procurem atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e não na UPA.
Além disso, reforçou os pedidos para que as pessoas sigam tomando os cuidados pedidos pelos especialistas como ficar em casa a maior parte do tempo, lavar às mãos com frequência, sair apenas com extrema necessidade e se fizer isso, usar máscara e manter o distanciamento das pessoas, evitando aglomerações.
Segundo o boletim da última segunda-feira (8/3), o município tinha 66 pessoas internadas com covid-19, sendo 32 na rede particular e 38 no hospital de campanha. No equipamento público a ocupação de leitos de enfermaria estava em 91% e de emergência estava em 100%.
Em nota de esclarecimento divulgada horas após o discurso de Volpi, a Prefeitura de Ribeirão Pires alertou que o hospital de campanha atingiu 100% de ocupação, assim como a UPA com todos os leitos com respiradores em uso. 31 pacientes estão aguardando resultado dos testes de covid e cinco estão na fila aguardando um leito de UTI.
“A Prefeitura de Ribeirão Pires confirma o óbito de duas pessoas no município por complicações da COVID-19. Uma faleceu no dia 1 de março e a outra no último domingo, dia 7. Ambas estavam internadas na Unidade de Pronto Atendimento (UPA – Santa Luzia) e aguardavam leitos no CROSS (Sistema de Vagas do Governo do Estado). As duas estavam com pedido de internação em UTI devido à gravidade do quadro de saúde. Porém, as vagas não foram disponibilizadas e os pacientes vieram a óbito. Há 10 dias o Hospital de Campanha de Ribeirão Pires opera com 100% de ocupação e já não recebe mais novos pacientes”, confirmou o Poder Executivo.
A Prefeitura afirma também que alertou o Governo do Estado sobre a necessidade de novos leitos na cidade e também nos municípios vizinhos, principalmente Mauá, Rio Grande da Serra e Suzano, “pois mais de 30% dos pacientes atendidos em Ribeirão Pires são provenientes dessas localidades”. Ainda reforçou que o Consórcio Intermunicipal Grande ABC manteve o hospital de campanha até o final de março, mas diferente do informado para o RD na semana passada, disse que nem o Governo Federal quanto o Governo Estadual mandaram recursos. “É possível que a estrutura (do hospital de campanha) seja desmobilizada no mês de abril”.
“Por fim, o prefeito Clóvis Volpi está tentando de todas as formas resolver a situação. Tem feito contatos diretos e também já encaminhou ofício junto com relatório sobre a situação do município ao governador João Doria, ao Ministério Público, aos deputados estaduais e à bancada paulista de deputados federais. Até o momento, apenas o Consórcio Intermunicipal se comprometeu a ajudar a cidade”, encerra a nota da Prefeitura.
Segundo o portal G1, duas pessoas perderam a vida na fila de espera pelos leitos de UTI. Cinco ainda aguardam vagas, uma desde o dia 2/3, outra desde o dia 4/3, outra desde o dia 6/3 e outras duas desde o dia 8/3.
A notícia sobre o colapso na saúde municipal ocorre poucos dias após o anúncio de que a cidade contaria com mais 10 leitos de UTI oriundos do Governo do Estado. O novos leitos serão instalados até o dia 15 de março.