A falta de auxílio para os empreendedores de bares e restaurantes durante a fase emergencial tem movimentado o setor no ABC, que reuniu cerca de 100 empresários e deve ganhar um núcleo regional da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), para buscar ajuda do governo estadual e federal para enfrentar as dificuldades financeiras do período.
As informações foram passadas por Marcelo Silva, um dos fundadores da associação na região, que comentou sobre as dificuldades do setor por conta da falta de informações. “Os decretos acontecem muito rápido, a pessoa que está à frente de um bar fica meio perdida. A ideia inicial do grupo é levar essa informação de qualidade para que o planejamento dos empresários possa acontecer”, explica.
Segundo o fundador regional, os estabelecimentos perderam muito com as restrições, principalmente pela defasagem no abastecimento. “Somos muitas vezes pegos de surpresa, mas os produtos que nós trabalhamos são todos perecíveis, e em grande estoque. Pois muitas vezes a casa atende mais de 400 pessoas em um dia e avisando 3 ou 4 dias antes, o estoque não tem como ser reduzido a zero”, informa.
Na fase emergencial, os prejuízos da categoria devem ser ainda maiores, já que não há um auxílio federal ou estadual para os empresários, que ainda perdem, segundo o fundador, cerca de 27% do faturamento com o aplicativos de entrega como o iFood, e mais 3,5% com a transação desse valor.
“Agora com a restrição da retirada, ficou ainda mais complicado. Antes conseguíamos fazer o faturamento com as pessoas retirando os pratos, até 50% era da retirada e sem isso passamos essa porcentagem para o iFood, que está permitido, então a margem de lucro cai absurdamente. Está complicada a situação”, salienta Marcelo.
De acordo com o fundador, os empresários que estão reunidos no núcleo faturam cerca de 10% do valor que era obtido em tempos sem pandemia e restrições. “O mercado acaba indo todo para o delivery e a concorrência é alta, a alimentação fora do lar já é mais cara, hoje com contenção de gastos as pessoas acabam não fazendo todos esses pedidos de delivery, ela passa a ir mais devagar. Não somos negacionistas da doença, inclusive pedimos aos governadores para que endurecessem o lockdown para voltarmos no começo do mês que vem e continuar as atividades. Não tem nenhum auxilio nem luz no fim do túnel para um mês parado”.
A associação trabalha em paralelo ao Sehal (Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do Grande ABC), mas Marcelo informa que são diferentes e precisaram “falar a mesma língua” para que novas medidas ocorram. “Temos fundamentos diferentes, a Abrasel é constituída por empresários que têm anseios em comum com o Sehal, e isso teremos que falar a mesma língua lá na frente, defendemos as mesmas coisas, mas são coisas diferentes, o Sehal é responsável pela parte sindical, nós somos uma associação que busca benefícios para nossa categoria”, completa.