Em uma série de reuniões entre segunda e quarta-feira (15 a 17/03) o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e o Sindipeças (Sindicato da Indústria de Autopeças) tentam fechar um acordo para que a indústria ajude os municípios onde estão suas plantas a superar a crise mais aguda da pandemia de covid-19. Ainda não há uma resposta formal do setor industrial, mas nesta quinta-feira (18/03) representantes do sindicato terão um encontro com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), para tratar da mesma pauta.
O sindicato preparou uma pauta de negociações, entre elas está a negociação de uma parada total das empresas para reduzir a circulação de pessoas e contribuir para o controle. “As empresas não disseram não, mas também ainda não disseram sim para a nossa pauta, principalmente quanto à questão da parada total. Nós entendemos que as medidas do governo ainda não surtiram efeito, tem muita gente circulando e se a indústria parar pode ajudar. Aí é uma questão de negociar a garantia dos empregos e o sustento dos trabalhadores nesse período”, disse o secretário geral do sindicato Aroaldo Oliveira da Silva. Parte da estratégia do sindicato é ajustar uma data para juntar os sindicatos das empresas em uma mesa de negociação com os prefeitos do ABC através do Consórcio Intermunicipal, mas a agenda ainda não foi acertada.
Mas a parte principal da pauta de reuniões é o auxílio ao serviço público de saúde com insumos. “Queremos que as empresas se utilizem da nova legislação que permite a compra de vacinas por empresas, para que elas possam ajudar as cidades. A empresa compra as vacinas para os grupos prioritários e depois que todos estiverem vacinados ela recebe 50% das vacinas para imunizar os trabalhadores”, disse Silva. Outra proposta é a reconversão industrial, transformando as empresas que estão com parte da sua produção ociosa para produzir insumos hospitalares. Isso já foi feito no ano passado quando montadores passaram a produzir respiradores tendo como base projetos desenvolvidos em universidades. A Mercedes-Benz, por exemplo, produziu respiradores feitos com motor de limpador de para-brisas. “Não é apenas para produzir durante a pandemia, pode-se criar aí um nicho. Na década de 90 o país produzia 55% dos insumos hospitalares, hoje produz cerca de 5%, então tem espaço. Os sindicatos da indústria toparam em continuar essa conversa”, disse o secretário geral dos Metalúrgicos do ABC.
Crédito
Outra proposta que integra a pauta de reuniões do sindicato é a de viabilizar crédito para as empresas pequenas. “Hoje o dono da pequena metalúrgica não consegue crédito, muitas vezes não tem nem patrimônio para garantir o empréstimo, mas para a montadora todo banco quer empresar, então nossa proposta é que a montadora seja a tomadora do empréstimo e o distribuiria para a cadeia de produção. Assim se garantiria rapidamente o crédito para as micro e pequenas empresas que fornecem para as grandes”, explicou Aroaldo Oliveira da Silva. O secretário geral tem esperança de que a reunião das forças da iniciativa privada, dos trabalhadores, das prefeituras e do governo federal em torno das propostas tragam resultados rápidos. “Basta alinhar as forças para ter esse suporte às prefeituras e às empresas no que elas precisam”, conclui.