O ranking das mortes por covid-19 no estado, elaborado pela Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego) mostra duas cidades do ABC, São Bernardo e Santo André, entre os 31 municípios e áreas de saúde ranqueadas. Segundo o critério estabelecido pela entidade qualquer número acima de 4 mortos para cada 100 mil pessoas é considerado péssimo quanto ao enfrentamento da pandemia. As duas cidades superaram em muitos pontos esse quociente negativo. Santo André, por exemplo, registrou quatro vezes mais, a cidade vizinha superou em duas vezes esse índice.
Há duas semanas, no levantamento feito entre os dias 4 e 10 de março, Santo André liderava o ranking das piores cidades, com 16 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes. No levantamento mais recente, divulgado nesta quinta-feira (18/03) com dados colhidos entre os dias 11 e 17 a situação piorou consideravelmente, o índice chegou a 17,81, resultando em um aumento de 11,3% dos casos fatais da doença.
Apesar da alta, Santo André não é mais a líder do levantamento no quesito morte, é apenas a quarta. Foi superada por Araraquara (índice de 22,3), que decretou lockdown; pela região de Lins, composta por oito cidades do interior do estado (com 24,8) e por Bragança Paulista (27,27). A posição de Santo André é duas vezes pior do que a de Manaus (AM) que viveu nos últimos meses o caos na saúde pública por falta de leitos e mortes por conta da falta de oxigênio. A prefeitura de Santo André se contrapôs ao levantamento. “A Prefeitura de Santo André não reconhece os critérios e os números aplicados no ranking. A cidade segue com uma taxa de letalidade inferior à média do Estado de São Paulo”, informou em nota.
Em São Bernardo os índices são menores, porém o crescimento no comparativo entre as duas semanas é vertiginoso, de 112,6%. Na semana de 4 a 10 de março a cidade ocupava a 20ª posição com índice de 3,81 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes, uma semana depois o índice de mortes mais que dobrou passando para 8,10. Isso fez com que a cidade se aproximasse mais dos líderes em número de mortes subindo para a 15ª posição.
A prefeitura não questionou, mas também não comentou os números da Abramet, porém reconheceu a situação grave da pandemia. “A Prefeitura de São Bernardo, por meio da secretaria de Saúde, esclarece que, assim como vem sendo amplamente divulgado, o país como um todo atravessa um dos momentos mais críticos da pandemia do Coronavírus, com aumento no número de casos confirmados da doença, média móvel de óbitos e internações. O município vem desenvolvendo uma série de medidas para frear o avanço da covid-19, com adoção de restrições de circulação de pessoas ainda mais rígidas do que as propostas pelo Plano São Paulo, além da vacinação sistemática dos públicos-alvo determinados pelo PNI (Plano Nacional de Imunização). Na última segunda-feira (15/03), a prefeitura também anunciou a criação de 19 leitos de UTI nos hospitais de Clínicas e de Urgência, como forma de ampliar a capacidade de atendimento à população”, justificou a administração em nota.
“São complexos os critérios para se acompanhar a evolução de uma pandemia. Os gráficos de óbitos semanais que temos apresentado, são formas seguras e de fácil compreensão para vermos os resultados das ações. Claro que um gestor público necessita muito mais dados para determinar sua conduta. Para se estabelecer ranking e classificar quem está bem ou mal, a “Taxa de óbito por 100 mil habitantes” é a melhor”, disse em na apresentação da pesquisa dessa semana o médico Carlos Alberto Guglielmi Eid, coordenador do estudo da Abramet. As demais cidades da região não fizeram parte do estudo.