O secretário de Saúde de São Bernardo e presidente Cosems-SP (Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo), Geraldo Reple Sobrinho, garantiu que a estrutura no ABC para a distribuição de oxigênio aos hospitais e unidades de saúde é robusta e a região não deve sofrer com a falta do gás. A prefeituras, no entanto, já relatam que já faltam medicamentos usados para a intubação de pacientes.
Durante entrevista ao RDTv, nesta segunda-feira (22/03) o médico disse que há dificuldades em 54 cidades do estado. “Fazemos periodicamente pesquisas e quando começou a ter problema lá em Manaus, pedimos para todos informarem. Na última semana 54 cidades estavam em momento crítico em relação ao suprimento de oxigênio. O Brasil tem produção adequada, temos oxigênio suficiente, o nó é na distribuição desses cilindros, porque antes os locais eram abastecidos uma ou duas vezes por semana, dependendo do porte, hoje as pessoas estão mais graves e a necessidade aumentou, então a empresa vai ter que levar mais cilindros para lá. Nosso problema é fazer chegar nos municípios menores e mais distantes, na região metropolitana é mais fácil, as plantas não estão longe”, disse Reple.
As prefeituras confirmaram que não há falta de oxigênio, mas estão se precavendo com uma regulação maior do estoque. Porém quanto a outros insumos, como medicamentos as prefeituras de Mauá e Ribeirão Pires informaram que estão com dificuldades para comprar o sedativo Midazolam, que é um dos medicamentos utilizados para a intubação dos pacientes com covid-19. Segundo a prefeitura de Mauá o sedativo é um dos mais “críticos” para entrega por parte dos fornecedores.
Ribeirão Pires informou que já identificou dificuldade de abastecimento de oxigênio, kits de intubação e do Midazolam. Perguntado sobre quanto duram os estoques da Saúde, a prefeitura não precisou a quantidade de dias. “Não temos um prazo específico de até quando duram os estoques. Ribeirão Pires está sofrendo com a falta de medicamentos assim como todo o Brasil e estamos buscando alternativas para sanar esse problema”, informou a prefeitura em nota. Uma das soluções seria a substituição dos medicamentos difíceis de encontrar. “A prefeitura busca sanar essa falta na busca entre outros fármacos”, aponta a prefeitura.
A prefeitura de Mauá disse que fez compra emergencial de medicamentos e que fará novos pregões para garantir o abastecimento.
A prefeitura de Diadema informa que não faltou oxigênio na cidade, apesar do aumento de 84% no consumo diário em relação a janeiro e fevereiro. “Para medicamentos específicos para covid-19, houve crescimento no consumo de 109% a 190%, dependendo do item. O estoque é suficiente para atendimento de 10 a 15 dias, dependendo da demanda e do item. Diante desse aumento exponencial, os técnicos da Secretaria de Saúde intensificaram a gestão diária dos estoques existentes para garantir que sejam adotadas as medidas necessárias em tempo oportuno”, informou a prefeitura em nota.
São Bernardo informou que o estoque de oxigênio está abaixo do normal e que o consumo aumentou pelo menos 40%. “Há dificuldade de abastecimento destes componentes, devido à logística para transporte. O município mantém contato diário com o fornecedor do gás, para controle de estoque e abastecimento antes do prazo de entrega, caso necessário”, aponta nota da prefeitura.
A prefeitura de Santo André disse apenas que tanto o abastecimento de oxigênio como o de medicamentos está sob controle.
Usina
A prefeitura de São Caetano relatou que não teve problemas de abastecimento de insumos, mas admitiu a dificuldade com o alto consumo, tanto que estuda a montagem de uma mini usina de oxigênio. “Nossos estoques de oxigênio estão adequados. Quanto aos kits de intubação, anestésicos e insumos estamos com estoque também para cerca de 45 a 60 dias. Com nosso aumento de consumo de oxigênio nos últimos dois meses de aproximadamente 40%, observando o consumo dos dois hospitais, em janeiro e fevereiro, estamos elaborando estudo de viabilidade para a instalação de usina de oxigênio, porém os estudos ainda estão em andamento”, detalhou a prefeitura em nota ao RD.
Vacina
Durante o RDTv, Geraldo Reple Sobrinho disse que a meta das prefeituras é rapidamente chegar a faixa etária dos 60 anos para a vacinação. Atualmente no estado a vacinação atende a maiores de 69 anos. “Hoje 77% dos óbitos e das internações ainda são de pessoas com mais de 60 anos, portanto nossa meta é, o mais rápido possível, chegar aos 60 anos. Temos visto que a internação de pessoas com mais de 90 anos já diminuiu”, explicou.
“As pessoas que mais têm se contaminado estão na faixa de 30 a 49 anos e essas pessoas que estão levando a doença para os mais velhos. Nossa expectativa é que em final de abril ou começo de maio já tenhamos alcançado a faixa dos 60 anos e então já teremos um bom alívio para nossa rede hospitalar”, disse o médico que relatou ainda que a ocupação de leitos para covid-19 em São Bernardo era de 98% no final da tarde desta segunda-feira (22/03).
Feriadão
“As pessoas têm que colaborar, hoje tenho quase 100 pessoas aguardando um leito de enfermaria ou UTI; a situação é desesperadora estou sem dormir há vários dias preocupado com isso. Em contrapartida a gente vê festa, pancadão e isso acaba com a gente”, desabafou o secretário de saúde que também disse ser favorável a medida se antecipar os feriados, divulgada nesta segunda-feira (22/03) pelos prefeitos do ABC após reunião do Consórcio Intermunicipal. “Acho que nesse momento qualquer movimento para diminuir a circulação de pessoas é bem-vindo. As pessoas têm que entender que não é férias, não é para sair, é para ficar em casa. Não é feriado para alugar casa e viajar, senão a pandemia vai continuar. Temos que estancar a transmissão desse vírus senão ele vai mudar de novo e, cada vez que ele muda, vem pior e só tem um jeito de impedir que é ficando em casa, usando máscara e se protegendo”, conclui.