Indústria critica governos e diz que será penalizada com o superferiado

Para falar sobre os impactos na indústria diante do superferiado que acontece entre os dias 29/03 e 04/04 o RDTv desta quinta-feira (25/03) trouxe os empresários e presidentes das delegacias regionais do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Norberto Luiz Perrella (de Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra), Cláudio Barberini (de São Bernardo) e Anuar Dequech Júnior (de Diadema). Os três dirigentes da indústria criticaram os prefeitos que, segundo eles, não ouviram o segmento antes de decretar os feriados.

Segundo Norberto Perrella o impacto do decreto de Santo André sobre os feriados antecipados, foi bastante negativo, pois além de limitar o horário até as 17hs, também penaliza quem puder trabalhar com o pagamento de hora extra. “A indústria trabalha com planejamento, temos uma rede de clientes e fornecedores e toda essa cadeia trabalha dentro de um planejamento feito a médio e longo prazo, já temos plano para mais de 30 dias e, de repente, surge uma informação de que na próxima semana vai ser feriado, que não vai ter as 24 horas disponíveis para produzir e se quiser vai estar limitado ao horário e com custo maior. A indústria hoje está se recuperando do ano passado, está com muito serviço e é surpreendida com uma notícia dessa e o impacto é mesmo muito negativo. Diferente de São Paulo (Capital) onde a indústria vai poder funcionar normalmente. Nós pedimos isso ao Consórcio Intermunicipal, mas em nenhuma cidade foi seguido”, protesta.

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Cláudio Barberini também criticou a falta de posicionamento único dos prefeitos. “A região não pode ser entendida como individual, o consórcio não decidiu pela região, cada prefeito está emitindo um decreto separado, isso é uma coisa muito ruim. A região metropolitana como um todo tem que ser considerada como uma região só. Nós do Ciesp e das associações comerciais não fomos ouvidos, mesmo sendo a indústria um parceiro grande do poder público não só na parte econômica, como na parte sanitária também. Não tenho dúvida que um funcionário está muito melhor protegido dentro da indústria do que num feriado desse de nove dias. A gente vem sofrendo desde o ano passado com falta de matéria-prima, aumentos de preços, a gente tem contratos de exportação e não consegue tocar uma economia com essas incertezas que vem acontecendo”.

Segundo o representante do Ciesp de Diadema, o prefeito José de Filippi Júnior (PT) conseguiu entender um pouco melhor a situação. Na cidade as indústrias de uma forma geral foram autorizadas a trabalhar. “Mas os feriados existem e a gente acaba tendo que ver o pagamento de horas extras de 100% ou fazer alguma compensação com o banco de horas”, explica Anuar Dequech Júnior.

Para Perrella a decisão do ABC vai prejudicar empresas e a cadeia produtiva de todo o estado. “A decisão e extremamente nociva. O ABC que já teve papel de protagonismo na indústria está numa posição totalmente diferente, começa a ser arriscado ter uma indústria da região e isso é muito ruim. Tem pessoas que moram aqui e trabalham em São Paulo, ou o contrário, onde esse tipo de atitude vai colaborar para o controle da pandemia?”, indaga.

Barberini, diz que ainda é possível os prefeitos alterarem os decretos. “Com todos esses problemas temos aumentos de custos e isso reflete no consumidor lá na ponta. Estamos em negociação, conversamos com o prefeito (Orlando Morando – PSDB) ontem (24/03). Uma grande parcela dos trabalhadores do ABC vai trabalhar em São Paulo, não tem como evitar isso. Acredito que vai prevalecer o bom senso”.

Mesmo em situação mais favorável o Ciesp de Diadema, considera que a situação pode melhorar ainda mais para a indústria. “Poderia deixar a indústria fora dos feriados, assim poderíamos trabalhar sem o custo a mais das horas extras. A indústria do ABC fornece para o restante do estado e para todo o país onde essas medidas não vão acontecer então prejudica a cadeia produtiva. Por isso é sempre importante conversar com as entidades. Eles (prefeituras) fizeram, de uma forma até atabalhoada, um fechamento com medo de uma explosão muito maior de contaminação e dos leitos de UTI que estão todos lotados, mas é uma situação muito mais complexa do que olhar só para a sua cidade”, conclui.

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