A concessionária de energia Enel está realizando no ABC o que ela chama de censo dos postes, um serviço que vai verificar um a um os mais de 170 mil postes da região com o objetivo de eliminar fiações de telecomunicação instaladas de forma irregular ou clandestina. O espaço nos postes da companhia são alugados pelas empresas de comunicação, como as de telefone, de televisão por assinatura e internet, que passam ali seu cabeamento, mas há situações que extrapolam os contratos com excesso de fiação, ou fios fora do padrão ou não identificados e há ainda a situação das empresas clandestinas que também passam os fios de forma irregular.
Segundo a concessionária de energia, a fiação irregular pode ocasionar vários tipos de acidentes, de interrupções de energia, até blecautes mais sérios, incêndios e até eletrocutar pessoas nas ruas e ainda esses fios podem cair sobre vias de trânsito e causar acidentes fatais principalmente com motociclistas e ciclistas. Segundo André Oswaldo Santos, diretor de Mercado da Enel, em geral o que a companhia encontra nos postes é um misto das duas situações, uma parte são fios irregulares das empresas que têm contrato com a Enel, e outra parte é de fios de empresas clandestinas de Tv e internet. “Em média de 30% a 40% da fiação está irregular e é retirada. Se a empresa tem contrato com a gente, notificamos e damos prazo para tirar, se os cabos não estão identificados cortamos na hora”, explicou.
Santos disse que esse censo é feito com regularidade em toda a área de concessão da concessionária, porém, por vezes esse trabalho árduo parece não ter efeito. “Estamos cortando um cabo aqui e na rua de baixo já estão instalando outro irregular ou clandestino, parece que é um trabalho infinito. Trabalhamos em conjunto com a Aneel, agência reguladora do setor elétrico e a Anatel, que regula as telecons. Muitas vezes acionamos as cláusulas do contrato, no caso de empresa regular, e as multas são pesadas”, comenta.
Outra situação muito comum nos postes é encontrar carretéis de fios, como um tipo de estoque a céu aberto das companhias de telecomunicação. Santos explica que essa prática é conhecida como reserva técnica das empresas. “A orientação é para as empresas não utilizarem os postes para essa reserva técnica, quando o fio está identificado nós notificamos a empresa para tirar, quando não está cortamos e retiramos”, explica.
Os cabos de telecomunicação, apesar de não estarem eletrificados, podem causar muitos acidentes, segundo explica o diretor da Enel. “O poste tem uma área determinada para esse tipo de fiação, que é abaixo da linha de energia, se essa área já está sobrecarregada, a empresa vai lançar o cabo fora dessa área, chegando próximo ao cabo de energia e aí pode causar acidentes, curto-circuito, quebrar ou cair na via, causar choque nas pessoas que trafegam, entre outros acidentes”.
Santos disse que não há um levantamento de quanto prejuízo a Enel tem com os cabeamentos irregulares ou clandestinos, mas informou que as ações de regulação refletem em economia e receita, que são repassadas para o consumidor na tarifa de energia. Ele admite que se não fosse tão ruim a situação encontrada nas fiscalizações, menos dinheiro seria investido nessas operações e redução nas contas seria maior.
O censo dos postes já foi concluído em São Caetano, onde há 11.676 postes. O serviço está em andamento nos 53.731 postes de Santo André e a previsão é que termine ainda este mês. Em abril o trabalho deve ser concluído também em Diadema onde há 23.820 postes a serem vistoriados. Mauá é a próxima cidade a receber a vistoria em seus 26.827 postes. A operação vai ser realizada também em Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, mas ainda não tem data para começar nestas cidades.