Com a piora crescente na pandemia, a sobrecarga do sistema de saúde e falta de insumos nos hospitais públicos e particulares, médicos são forçados a decidir quais pacientes terão vaga na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), e quais vão receber tratamento adequado. Em entrevista ao RDtv, a médica intensivista, Carolina Rosa, explica que, atualmente, a principal dificuldade no setor tem sido a falta de ventiladores nos leitos hospitalares, o que tem levado diversos pacientes a óbito.
Desde o início da pandemia, o ABC registrou 5,7 mil óbitos, sendo pelo menos 50 óbitos de pacientes à espera de um leito, e a situação que se torna cada vez mais frequente, de acordo com a médica. “A saúde está um caos, em todos os lugares. Agora, com a falta de leitos e de insumos esse número tende a crescer cada vez mais. As pessoas pensam que a pior escassez é de oxigênio, mas não é, também precisamos de respiradores para os leitos hospitalares, senão não adianta”, explica.
Carolina diz que por conta da falta, os profissionais que atuam na linha de frente das UTIs precisam avaliar o cenário dos pacientes e tomar decisões difíceis. “Não é nada fácil, mas temos que fazer essa avaliação. Na última semana mesmo tive que escolher entre dois pacientes qual deveria receber o tratamento, então optamos pelo que já estava internado no hospital. Infelizmente, às vezes, temos que ser um pouco mais racionais e deixar de lado o emocional para uma melhor decisão”, diz.
Nesta fase da pandemia, a médica explica que o sistema de saúde enfrenta desafios para atender pacientes de todas as idades, não mais somente os idosos. “Até ano passado atendíamos majoritariamente os idosos, que davam entrada no hospital em situação grave. Agora, percebemos que muitos jovens com 18+ dão entrada no hospital com casos graves de covid, e que em muitos casos precisam de internação e tubos”, enfatiza.
O tempo médio de internação também mudou, passou de seis a oito dias para a média de 20 dias. “A variante da covid-19 fez com que o tempo de internação dobrasse. Hoje um paciente fica internado com a gente por, pelo menos, 20 dias. A doença está evoluindo de maneira grave e é necessário se cuidar”, diz. Segundo ela, com a evolução do vírus, algumas implicações sérias vem surgindo, a exemplo da insuficiência renal, frequente nos jovens.
Para evitar a doença, a recomendação permanece a mesma: “continuem se cuidando, fiquem em casa, lavem as mãos, usem álcool e gel e saiam apenas para o necessário. Os médicos estão trabalhando em jornadas triplas e estão esgotados, com a saúde mental esgotada. Precisamos da ajuda da população para que a pandemia passe o quanto antes”, pede.