Comércio varejista prevê Páscoa magra, porém melhor que do ano passado

Supermercados reduziram compra dos ovos de Páscoa mais caros. (Foto: Divulgação)

A Páscoa de 2021, na visão dos empresários, não trará grandes resultados nas vendas, por conta das restrições para o funcionamento do comércio, como o superferiado adotado no ABC e em outras cidades do Estado. Porém, a previsão é de que o retorno será menos catastrófico do que no ano passado, quando os produtos, comprados antes da pandemia, encalharam nas prateleiras.

Osvaldo Nunes, presidente da Chocolândia, rede varejista que tem na Páscoa a data mais importante do ano, diz que, após um ano da pandemia, a expectativa de resultados próximos dos obtidos em 2019 já é bastante animadora. “No ano passado, 57% do nosso estoque sobrou, isso porque temos uma programação e as compras foram feitas antes da pandemia. Agora, a nossa previsão é de vendas melhores, já perto de 2019, quando vendemos 3 mil toneladas de chocolate e foi uma Páscoa muito boa. Mesmo assim, eu acredito que ainda vamos ficar uns 12% abaixo do movimento daquele ano”, calcula.

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Nunes disse que muitos aproveitavam a data para complementar a renda ao fazer ovos de chocolate em casa. Com unidade em Santo André, a rede não vende apenas chocolate, mas dá cursos que reuniam seis mil alunos por mês. Mas as aulas foram suspensas. No período a rede de lojas também encolheu. Fechou duas unidades, uma da Estrada das Lágrimas e outra no Brás. A folha de pagamento, 1.100 funcionários, agora tem 860. “Não foi fácil, foi o pior dos 37 anos da empresa, mas tivemos ajuda de alguns parceiros”, conta. O empresário diz que, apesar de prever uma Páscoa menos ruim que a do ano passado, não consegue prever a recuperação em curto prazo. “Por enquanto, é preciso por a casa em ordem, investimentos talvez só em 2022. O governo precisa abrir o comércio, o lugar mais seguro para as pessoas estarem é no trabalho”, comenta o presidente da Chocolândia, que funciona com público reduzido.

Lucas José Barbosa, proprietário da Amoreco Bolos, em Santo André, diz que as vendas estão relativamente bem, apesar de a loja estar fechada e trabalhar apenas com entregas. Na Páscoa, além de bolos, Lucas vende ovos de colher. “No ano passado não foi bom, mas o desemprego estava menos e as pessoas ainda tinham um pouco de dinheiro, agora está mais difícil. Mas a gente segue com pedidos”, comenta. Encomendas podem ser feitas pelos números 99807-4016 e 4427-3527.

Ronaldo dos Santos, presidente da APAS, diz que vendas maiores serão dos produtos mais baratos (Foto: Reprodução)

A APAS (Associação Paulista de Supermercados) prevê vendas 5,5% superiores em relação ao ano passado em pesquisa feita antes das medidas de restrição da Fase Emergencial do Plano São Paulo. Segundo o presidente da APAS, Ronaldo dos Santos, o setor observa uma continuidade no crescimento das vendas de produtos mais baratos e menores, como bombons e caixas com barras de chocolate. “Entramos em 2021 com os preços dos alimentos pressionados por 2020. Devido a elevada variação dos preços dos últimos 12 meses, o desafio é manter margem e preço competitivos”, afirma.

Apesar da previsão positiva, o valor médio gasto deve ser menor e, por isso, as empresas do setor reduziram as compras dos ovos de chocolate acima de 750g, que são os mais caros. Além disso, aumentaram aquisição daqueles de até 170g, e compraram mais barras e caixas de chocolate. O levantamento da APAS aponta, ainda, uma inflação de 7% nos ovos de Páscoa em comparação com 2020, considerando as marcas comercializadas no setor. Na análise de 25 produtos típicos sazonais, 21 estão com resultados menores que a inflação registrada nos últimos 12 meses (15,05%). Dentre os pescados, o peixe que menos subiu é o Cação, com 8,13%, sendo a Merluza a que mais subiu, com 19,21%.

A previsão da Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas) e de que, ao final desta Páscoa o setor tenha contratado perto de 12 mil trabalhadores temporários. O número representa um crescimento de 4,8% em relação às contratações do ano passado.

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