Desde o último final de semana se instalou uma polêmica sobre a permissão da abertura de templos religiosos para a celebração com a presença de público, levando em conta as medidas de distanciamento do Covid-19. A decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Kassio Nunes Marques, de permitir tal situação gerou polêmica com prefeitos. O RD convidou nesta segunda-feira (5/4) os vereadores de Santo André, Ricardo Alvarez (PSOL), e de São Bernardo, Julinho Fuzari (DEM), para debater o assunto.
“Eu completamente contrário a abertura dos cultos, das igrejas para provocar aglomeração. Acho que é uma medida completamente estranha ao momento que estamos vivendo. A pandemia tem engrumecido, o número de infectados e de óbitos tem crescido significativamente neste novo ciclo da doença. Até entendo que as pessoas têm suas necessidades espirituais, mas nós temos que pensar em alternativas, não dá para aglomerar, isso impacta em toda a sociedade, isso impacta no aumento do número de óbitos por causa do Covid-19 e por isso que considero que essa medida do ministro Nunes foi equivocada, mas ele foi coerente, pois quando ele foi indicado o Bolsonaro disse que indicaria ao STF um ministro terrivelmente evangélico, foi o termo que ele usou. Eu acho que tem que colocar o tema da Saúde Pública acima das ideologias e das indicações religiosas, é uma questão de Saúde Pública e eu considero um erro abrir o culto. Espero que o plenário possa impedir”, opinou Alvarez.
“Eu quero fazer duas abordagens. A primeira sobre a ação do ministro do STF, o Nunes, foi atabalhoada, um absurdo, o Supremo consegue confundir a população desse país e esse é talvez o grande problema nas questões que estamos vivendo, é a falta de unidade, não existe unidade nem no Supremo. Havia uma decisão do colegiado onde os municípios e estados teriam autonomia em decidir aquilo que pode funcionar e aquilo que permanecerá fechado ou será fechado. Todas as decisões sobre a pandemia o STF havia decidido no colegiado que seriam feitas por meio dos poderes executivos municipais e do Estado. Isso era ponto pacífico. Igreja ou templos, funcionar ou não, essa é uma decisão dos municípios. Em algumas cidades até dá para funcionar e outras não, pois estão em lockdown, veja o caso de Araraquara”, disse Fuzari.
Uma nova decisão do ministro Gilmar Mendes indeferiu o pedido para São Paulo e na próxima quarta-feira (7/4) o plenário do STF definirá a situação. No Estado de São Paulo não pode haver celebrações com a presença de fiéis desde que foi instituído a fase emergencial do Plano São Paulo, porém, após a decisão de Nunes Marques algumas igrejas abriram para parte dos fiéis devido às celebrações da Páscoa.