O VGV (valor geral de vendas) dos imóveis novos comercializados no ABC teve alta de 2,2% no primeiro trimestre de 2021 se comparado com o mesmo período do ano passado. Apesar de as construtoras terem vendido menos 22%, a soma dos valores foi maior e isso pode ser explicado por dois fatores, um é o aumento do custo das empresas, principalmente dos materiais de construção. Outro fator se baseia nos acabamentos melhores e valor agregado como condomínios, que já são entregues preparados para abastecimento de veículo elétrico e que tenham espaço delivery em suas portarias.
O levantamento foi divulgado pela Acigabc (Associação das Construtoras e Imobiliárias do Grande ABC). Para o presidente da entidade, Milton Bigucci Júnior, o movimento de valores se deu porque o mercado ficou muito aquecido no ano passado. “Em plena pandemia algumas empresas dobraram o faturamento em 2020, mas notamos que houve um aumento expressivo dos materiais de construção, alguns aumentos até abusivos. Com o INCC (Índice Nacional da Construção Civil) alto, algumas construtoras preferiram segurar os lançamentos este ano, mas as ofertas logo voltam neste segundo trimestre”, analisa.
Espaços pet e delivery
Os imóveis mais vendidos na região continuam sendo os apartamentos de dois dormitórios, entre R$ 240 mil a R$ 500 mil, que correspondem a mais de 80% das vendas. Bigucci Júnior cita também um movimento que a região já experimentava, mas que se solidificou durante a pandemia. É o do cliente que deseja um imóvel com mais itens agregados, como espaço pet e, mais recentemente, área de delivery para o recebimento de refeições e alimentos, além de procurarem condomínios que dispõem de preparação para pontos de recarga de veículos elétricos. “No caso da nossa construtora – a MBigucci – não aprovamos projetos sem que tenham o espaço delivery, hoje é uma necessidade, antes só se recebia pizza na portaria, hoje se recebem refeições de restaurantes e tudo mais. Também os espaços co-working são mais exigidos, porque as pessoas agora trabalham mais em casa e nem sempre tem um espaço adequado. Nos empreendimentos com unidades acima de R$ 240 mil, se não tiver espaço pet é mais difícil de vender”, assinala.
De acordo com Bigucci, o ABC está cada vez mais atrativo para quem é de São Paulo e busca de um imóvel. Com o mesmo valor que gastaria em um apartamento na Capital o cliente consegue um bem maior e com padrão melhor na região. “Isso acontece porque o preço dos imóveis aqui ainda é mais barato. Por isso, apesar dos apartamentos de 45 a 60 metros quadrados ainda serem a tendência na região, devemos ter um pouco mais de oferta de apartamentos maiores, de 3 dormitórios”, avalia. “Notamos essa movimentação de clientes da Capital para outras regiões, isso ocorre por conta do home office. Percebemos por exemplo que pessoas que tinham imóvel no litoral optou por ficar lá, já que não precisa estar perto do trabalho”, diz.
Apesar da queda em volume de imóveis vendidos, de 744 entre janeiro e março de 2020 para 580 no mesmo período deste ano, uma queda de 22%, o setor está otimista e ainda animado com o alto desempenho do ano passado. “Mesmo com a pandemia as construtoras estão mais otimistas que em 2020, os resultados são surpreendentes”, afirma Bigucci.