Mais agressiva e com alta transmissibilidade, a variante indiana (B.1.617.2 – Delta) foi identificada no Brasil e tem gerado preocupação após surto de casos na Índia, que deixou mais de 400 mil pessoas infectadas em apenas um dia. Desta forma, a gestora do curso de Biomedicina da USCS (Universidade de São Caetano do Sul), Adriana de Brito, esclareceu os potenciais da variante em entrevista ao RDtv.
A variante surgiu após mutação na proteína Spike, qual o vírus utiliza para se conectar as células do corpo humano por meio de receptor comum no organismo, que podem impedir a entrada do vírus como facilitar, caso que ocorre com a variação Delta (nome determinado pela Organização Mundial da Saúde para a variante indiana). “A mais preocupante é essa variante que causou mais de 400 mil casos em único dia na Índia e já estão em mais de 20 milhões de caso de covid por conta da sua agressividade e alta transmissibilidade”, comenta.
Apesar da preocupação com os casos, Adriana informou que as vacinas da Pfizer e AstraZeneca, presentes no Brasil, mostraram eficiência contra a Delta, já a da Coronavac ainda é estudada pelo Instituto Butantã, mas testes já realizados e encaminhados para a indústria farmacêutica, a variante não tem afetado a resposta imune das vacinas, mas por outro lado tem facilidade a entrada do vírus nas células.
No entanto o que também tem preocupado é a variante híbrida, que combina as variantes britânica B.1.17 Alfa) e indiana, que surgiu após mutação semelhante a britânica e pode tornar a Delta ainda mais agressiva. “Ainda não sabemos se isso vai potencializar a variante mas está trazendo mais preocupação do que a variante indiana sem essa nova mutação”, esclarece.
Segundo Adriana, muitos virologistas acreditam que possa ser apenas uma nova mutação da covid-19. “Entretanto, eu como também imunovirologista, posso afirmar que é muito comum os vírus, quando são do mesmo tipo, fazerem recombinações, como a gente observa no HIV, ainda não temos uma vacina de cura, pois é um vírus que faz muita recombinação entre os subtipos e as variantes, e agora observamos com o coronavirus esse fenômeno”.
Com 15 meses de coronavirus circulando no país, Adriana diz que o vírus mostrou suas características e tem apresentado semelhanças ao vírus da gripe. “Já estão adotando a ideia de que a vacinação será anual. teremos que avaliar as variantes do ano anterior, que predominaram ou foram mais agressivas e fazer a vacinação em massa. Pode ser que num futuro, nos próximos 5 anos, consigamos erradicar a covid-19, não e algo impossível, mas vai demandar um tempo, as pessoas precisam ser vacinadas e a gente precisa controlar o surgimento de novas variantes”, completa.