Acabar infectado pela covid-19, ter tomado outra vacina no intervalo entre as doses, como a vacina da gripe, por exemplo; ter medo de reações adversas e até mesmo esquecimento são as alegações de quem ainda não tomou a segunda dose da vacina contra a covid-19. Até quarta-feira (21/07) em todo o estado 642 mil pessoas estavam em atraso com a dose complementar da vacina, que é quando a pessoa é considerada completamente imunizada. No ABC a situação não é diferente e os municípios investem em campanhas e busca ativa para localizar quem se absteve de completar a imunização.
Dificuldade em agendar para um lugar perto de casa é a situação do morador de São Bernardo Márcio Luiz Stocco, que tenta agendar para tomar a segunda dose da Coronavac, mas o sistema só manda para regiões distantes da sua casa. Stocco já passou dos 21 dias da primeira dose, por isso está preocupado, apesar de que a indicação para a segunda dose da vacina do Butantan é que ela pode ser tomada até 28 dias. “Já faz 24 dias que tomei a primeira e tenho tentado marcar, mas me mandam para o Riacho Grande”, relata o morador do bairro Baeta Neves, que disse que vai continuar tentando até que o sistema aponte um local mais próximo.
Em São Caetano 1.497 pessoas já deveriam ter tomado a segunda dose, mas não o fizeram. Segundo a prefeitura há casos de pessoas que tomaram outras vacinas entre a primeira e segunda dose, pessoas que tiveram covid, que tomaram em outro Estado, que tiveram sintomas gripais e também gente que simplesmente esqueceu. Para tentar diminuir a abstenção da segunda dose a prefeitura faz busca ativa com ligações e as pessoas são vacinadas nas estratégias.
Em Diadema 3.680 pessoas não voltaram aos postos de saúde para tomar a segunda dose, segundo informe da prefeitura. Esse número representa 1,7% das 211.877 pessoas vacinadas até agora na cidade. A maior parte deste contingente está com menos de uma semana de atraso. “Das 3.680 pessoas com dose em atraso, 1.878, ou seja, 51%, têm atraso de menos de uma semana. Em Diadema, a vacinação é por livre demanda, ou seja, é possível tomar a segunda dose em todos os 21 postos de vacinação, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 16h, sem necessidade de agendamento”, informou a prefeitura.
Para achar os atrasados com a vacina a prefeitura de Diadema tem feito busca ativa. “Semanalmente, a equipe de Informação em Saúde, da Vigilância à Saúde, faz extração de relatórios do Vacivida, com listas nominais de pacientes que receberam dose um, e, estão atrasados para a 2ª dose a partir de um dia de atraso. As listas são encaminhadas para as Unidades Básicas de Saúde, que diariamente acessam a lista e fazem busca ativa. Além disso, o município tem intensificado o chamamento dos faltosos via divulgação nas redes sociais, aplicativos de mensagens, folhetos e carro de som”. Os motivos citados para o não comparecimento foram: ter tido covid-19 há menos de 30 dias, ter tomado a vacina da influenza em menos de 14 dias, achar que com a primeira dose já estava imunizado, ter esquecido a data da segunda dose e medo de ter reação.
A prefeitura de Santo André não informou o número de pessoas em atraso com a vacinação. Em nota a prefeitura diz que não há um estudo sobre os motivos do déficit de imunização com a segunda dose. “Mas uma percepção baseada em relatos dos munícipes. Pessoas que deixaram passar a data da 1ª para a 2ª dose por motivo de doença, trabalho, viagem ou doença. Há também relatos de esquecimento, dificuldades com agendamento e questionamentos sobre todas as vacinas (eficácia, efeitos colaterais, aceitação em outros países etc.). O município mantém o agendamento aberto a todos os públicos já contemplados pelo PNI (Programa Nacional de Imunizações), ao mesmo tempo em que novas agendas vêm sendo divulgadas”.
A Prefeitura de São Bernardo, também não revelou o número de abstenções da segunda dose, mas sustenta que faz busca ativa para que os moradores completem o esquema vacinal. “As Unidades Básicas de Saúde realizam busca ativa diária para contatar pessoas que não retornaram para completar o ciclo vacinal. Dentre os motivos mais recorrentes estão doença, óbitos ou mudança de endereço no intervalo entre uma dose e outra”, informou a prefeitura, em nota.
Em nota, a prefeitura de Ribeirão Pires informou que, por conta da atualização do sistema, não tem o número de pessoas que deixaram de tomar a segunda dose, mas afirma que tem reforçado as campanhas para que as pessoas compareçam aos postos para completar o esquema vacinal contra a covid-19. As prefeituras de Mauá e Rio Grande da Serra não responderam.
Primeira
Enquanto muita gente reclama de dificuldades para tomar a segunda dose, há quem não tenha conseguido nem a primeira. Caso do morador de São Bernardo Airton Aparecido Ferreira, que trabalha com escolta de cargas especiais e viaja muito. Ele disse que já tentou tomar a vacina em outros estados com documentos que comprovem a necessidade de estar fora do domicílio, mas não conseguiu. O morador tem 59 anos e já deveria estar com a imunização completa. A prefeitura informou que ele deve procurar a UBS do Rudge Ramos onde poderá se informar para se vacinar.