Pandemia faz população em situação de rua crescer 19% no ABC

Número subiu de 1.130 em 2018 para mais de 1.300 este ano (Foto: Pedro Diogo)

A pandemia da covid-19 fez o número de desabrigados crescer consideravelmente em todo País, e na região a situação não foi diferente. No período de dois anos, o número de pessoas em situação de rua cresceu 19%, passou de 1.130 desabrigados entre as sete cidades do ABC até 2018 para, pelo menos, 1.345 pessoas sem ter onde morar até julho deste ano.

Em dezembro de 2018, Mauá estimava ter 350 pessoas na cidade em situação de rua e, na oportunidade, contava com apenas 25 albergues para atender toda a população. Nos períodos mais frios, com a Operação Inverno, as vagas eram ampliadas em mais 50 lugares, quando equipe composta pela Secretaria de Promoção Social (Centro POP e Albergue), Segurança Pública (GCM e Defesa Civil) e Samu atuavam na abordagem e acolhimento da população.

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Este ano, embora a prefeitura não tenha retornado os questionamentos do RD, o analista Alberto Carlos Goulart, que atua com trabalho voluntário para desabrigados, conta que não houve redução no atendimento. “Ao contrário, se antes entregávamos marmitex para 100 pessoas, passamos facilmente de 200 por final de semana”, diz.

O mesmo aconteceu em São Bernardo, cidade em que o número saltou de 365 desabrigados no período pré-pandêmico para cerca de 450 este ano. Para atender a população, a cidade disponibiliza 180 vagas de acolhimento noturno, sendo 160 masculinas e 20 femininas. As vagas são distribuídas em dois espaços: na rua Tapajós e na rua Marechal Deodoro, com oferta de camas, banho quente e alimentação. No primeiro espaço é permitido, ainda, a permanência de bichos de estimação.

Acolhimento

Quem fica sem acolhimento, depende dos serviços oferecidos pelos voluntários ligados à trabalhos sociais. Exemplo é o Movimento Nacional da População de Rua (MNPR) do ABC, que atende cerca de 100 pessoas por ação com o trabalho de cozinha solidária, aos domingos, em São Bernardo. Em entrevista ao RD, o coordenador Thiago Quintanilha explica que o serviço iniciou com intuito de atender a população que não é acolhida pela administração pública.

Segundo o voluntário, a ação oferece alimentação, agasalhos e até ração para quem possui pet. “Estamos com a ação ativa em vários bairros, como Vila São Pedro, Centro e Ferrazópolis, porque sabemos da importância. O número de pessoas na rua só aumenta e a Prefeitura não dá conta”, explica Quintanilha ao frisar que, uma das maiores dificuldades hoje é manter os desabrigados com o pouco que têm. “O pouco que recebem é difícil manter. Isso porque muitas vezes a própria Prefeitura retira cobertores e o que eles guardam”, diz.

Santo André tem 30 vagas

Em Santo André são cerca de 300 pessoas em situação de rua e, segundo a Prefeitura, por se tratar de um público flutuante, é a mesma média que há dois anos atrás. Atualmente são ofertadas 189 vagas em abrigos municipais e é possível também ampliar a oferta em caso de necessidade, por meio de espaços emergenciais. “Os abrigos estão com cerca de 70% a 75% de ocupação, com capacidade de ampliação imediata de 30 vagas”, diz a Prefeitura em nota.

Caso o munícipe localize um morador em situação de rua que necessite acolhimento, é disponibilizado contato via Whatsapp para serviços de abordagem: (11) 93342-4178, com funcionamento 24 horas. Quem quiser ajudar voluntariamente, pode participar também da Campanha do Agasalho, com doações de itens nas Lojas Solidárias, localizadas nos quatro shoppings da cidade ou nos pontos de vacinação drive-thru.

Diadema, que em 2018 não havia informado quantas pessoas em situação de rua haviam na cidade, contabilizou que ao menos 150 desabrigados atualmente. Para atender a demanda, há convênio com dois abrigos que oferecem 70 vagas noturnas (a ONG MAI, no bairro Canhema, com 30 vagas e a Transitória Casa do Caminho, no Jd. Rosinha, com 40) e um centro de referência, que serve de casa-dia, o Centro Pop, com capacidade para até 100 atendimentos diários.

São Caetano, que tinha 40 pessoas em situação de rua, saltou para 47 este ano. Excepcionalmente para o período de baixas temperaturas (de junho a setembro), o município conta com uma unidade de serviço de acolhimento emergencial covid-19 e com uma unidade de acolhimento com vagas pernoite. Das 30 vagas disponíveis, 18 estão ocupadas, e podem ser preenchidas caso apareça novos interessados via 156 – SOS Cidadão e/ou encaminhados pela UPA (Unidade de Pronto Atendimento).

Ao avistar pessoas desabrigadas, a Prefeitura fornece serviço de abordagem social e acolhimento, que funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, através do telefone 4228-8942.

Alta de 500%

Já Ribeirão Pires, que tinha a menor população de rua do ABC com apenas oito desabrigados em 2018, apresentou alta em mais de 500% com a pandemia, com registro de 55 pessoas em situação de rua. Para suprir a demanda, oferta 40 vagas na Casa da Acolhida, que hoje está com ocupação média de 80%.

Quem presenciar uma pessoa que necessite de acolhimento, pode entrar em contato diretamente com a Casa, ou via GCM, pelo 153.

Em nota, a Prefeitura diz que está em desenvolvimento o projeto de criação de um espaço temporário de acolhimento na área central da cidade que deve expandir o número de vagas de acolhimento para pessoas em situação de vulnerabilidade.

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