Cerca de 75% da população adulta do ABC tomaram a primeira dose da vacina contra a covid-19 e quase 30% completou sua imunização. O percentual de pessoas internadas tem caído a cada dia, então os municípios seguem com a retomada dos exames e consultas que ficaram parados durante a pandemia. Porém, olham para as sequelas nos infectados e nos legados que serão deixados para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Das sete cidades questionadas pela reportagem, cinco responderam que já iniciaram a retomada de exames e consultas (apenas Mauá e Rio Grande da Serra não responderam), com os agendamentos feitos por intermédio das unidades básicas de saúde (UBSs). Mas, cada Prefeitura adota um caminho diferente.
Ribeirão Pires está com seu agendamento normalizado, mas não há no momento planejamentos para mutirões, mas existe a prioridade para os atendimentos com maior necessidade. Questionada sobre a utilização dos atuais leitos covid-19 no pós-pandemia, a cidade relata que serão transformados e alocados para o Hospital e Maternidade São Lucas, após passarem por protocolo de higienização.
“Cabe salientar que essa preocupação (com a retomada de exames e consultas) não é uma situação exclusiva da cidade, mas de toda a região. Temos trabalhado para que possamos contornar a situação sem maiores problemas e oferecer um serviço de qualidade à população”, diz o secretário de Saúde, Andrei Rocha.
No caso de Diadema, a retomada dependerá do avanço da vacinação e a queda de casos, óbitos e internações por covid-19. Em parceria com o Comitê Intersecretarial de Enfrentamento à Covid-19, a Secretaria de Saúde realiza ações para reduzir os impactos da pandemia e até criou um Grupo de Trabalho (GT) Pós-Covid para atender pessoas que seguem com sequelas físicas e psicológicas da doença.
Sobre os exames e consultas, o atendimento é reestruturado para cuidar de pessoas “com condições crônicas, mediante estratificação de risco e vulnerabilidade, e a retomada progressiva dos atendimentos realizados pelas unidades de saúde”.
Força-tarefa
Com um pouco mais de 17 mil consultas represadas durante o período crítico da pandemia, São Caetano conseguiu acabar com a demanda e foca em reduzir mais outras filas para conseguir zerar os problemas criados desde março do ano passado, quando começou a quarentena. Em junho uma força-tarefa foi realizada para a realização de exames de imagem, no total foram 15 mil exames realizados.
As teleconsultas ajudaram a reduzir os problemas em São Bernardo, aliadas ao monitoramento dos pacientes. “Neste momento, novas ações estão em estudo no município para suprir a demanda, ainda represada (não informada à reportagem), conforme o avanço da vacinação e o controle da pandemia.
A retomada de exames e consultas em Santo André foi retomada de maneira gradativa, respeitadas as ordens de espera e prioridade, inclusive com as cirurgias eletivas. “Importante ressaltar que durante toda a pandemia (que ainda não acabou), o município manteve acolhimento em todas as unidades de saúde e, em alguns momentos, as agendas foram mantidas em até 60% da capacidade, conforme as flexibilizações do Plano São Paulo”, explica a Prefeitura.
“Ainda estamos na pandemia. A preocupação central é dar assistência integral para a recuperação plena dos pacientes da covid-19 e garantir o atendimento dos demais agravos”, completa o secretário de Saúde, Márcio Chaves Pires.
Legado
O RD também questionou as prefeituras sobre os legados da pandemia e o que é necessário melhorar dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) para que possamos ter uma estrutura melhor de atendimento para conseguir segurar as futuras dificuldades que podem surgir com novas doenças.
“Primeiro da importância do SUS, que foi quem mais ajudou a conter o avanço da pandemia. Depois, todo o aparato que foi utilizado no combate à covid, que será revertido para a atenção primária, bem como para os nossos hospitais, e para o futuro, pensamos em melhorar ainda mais o atendimento na gestão da atenção primária, que será o carro-chefe da saúde pública dos próximos anos”, diz Audrei Rocha.
Para a Prefeitura de Diadema, “as políticas públicas de saúde e a permanência do SUS revelaram-se como estratégia para o enfrentamento da pandemia. A pandemia trouxe, por fim, a certeza de que é importante que o setor público esteja preparado e prevenido para o enfrentamento de uma situação de emergência como essa, porque elas podem acontecer a qualquer momento, apesar de todos os cuidados e da ciência, que precisa ser mais valorizada, incentivada e ter investimento. O setor público também precisa estar respaldado, do ponto de vista técnico e do financiamento do sistema, para dar resposta rápida e eficaz”.
“A pandemia traz alguns legados para a saúde pública. O primeiro é o fortalecimento e a importância do SUS, evidenciando que a lógica proposta pelo nosso sistema público de saúde foi muito assertiva em propor como principalmente a atuação da atenção primária nas comunidades e a necessidade de monitoramento epidemiológico contínuo. Outro legado foi a expansão do uso da tecnologia na saúde, como o uso da telemedicina como uma ferramenta eficaz em tempos de pandemia”, aponta a Prefeitura de São Caetano.
“ A ampliação de leitos da rede hospitalar é um dos legados positivos para o município, bem como a adoção do novo modelo de atendimento, com a implantação do teleatendimento e do telemonitoramento para acompanhamento de pacientes crônicos, além da importância do telematriciamento como ferramenta para capacitar e qualificar o atendimento da atenção básica”, indica a Prefeitura de São Bernardo.