As alças do reservatório Billings estão com baixo nível de água devido a falta de chuvas e já apresentam situação pior que a da crise hídrica de 2014, com 66% da capacidade. No braço Rio Grande, que envia água para o Alto Tiete, o volume de água reduziu tanto, que as tubulações de envio de água estão aparentes e o solo está em processo de assoreamento, que é o acúmulo de sedimentos na área, causada normalmente pelo desmatamento e grandes construções próximos ao local.
Segundo a bióloga da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Marta Marcondes, que falou em entrevista ao RDtv sobre o assunto, a região é forte produtora de água para outros reservatórios e em caso de falta de chuva no mês de setembro, como ocorrido em 2020, uma nova crise hídrica é prevista no Estado, com possíveis racionamentos, já que a baixa na Billings afeta os reservatórios do Guarapiranga e Alto Tiete, e o sistema Cantareira também apresenta queda, com 41% da capacidade.
O reservatório segue com níveis abaixando cada vez mais, e a bióloga tem realizado acompanhamento no local. “Estamos em agosto e o nível da represa está desse jeito. Esperamos chuvas para meados de outubro, mas se for como no ano passado, teremos um grande risco de desabastecimento”, diz. “Estamos bombeando água e o nosso reservatório está abaixando, temos aí uma situação pior do que a que víamos em 2014 e 2015, infelizmente”, comenta.
Os dados são da Sabesp, e Marta avalia que nesta época do ano o ideal era que todos os reservatórios estivessem com níveis acima de 60%, o que apresenta situação preocupante para os próximos meses, já que a falta de chuvas é ocasionada pelo forte desmatamento na Amazônia. “Tivemos uma diminuição desses rios para poder promover as chuvas aqui na nossa região, assim como as chuvas no pantanal e serrado brasileiro”.
A falta de cumprimento das leis de proteção e fiscalização do reservatório Billings também é um dos maiores contribuintes para a diminuição do volume, segundo a a bióloga, por conta da fiscalização da área e tomada de atitudes para evitar que os níveis caiam. “O que mostra claramente a gente não aprendeu nada da crise que tivemos em 2014”, diz.
“São seis anos que poderíamos ter modificado tudo isso, mas ao contrário, temos invasão em áreas mananciais, propostas de empreendimentos absurdos em área de produção de água”, salienta.