A ginasta Simone Biles, dos Estados Unidos, passou ao menos 18 meses sem competir. Em julho deste ano, ressurgiu para o mundo como um dos maiores nomes da ginástica, nas Olimpíadas de Tóquio. Entretanto, administrar as expectativas do público, o isolamento da pandemia e os treinamentos para estar no auge da competição foram tarefas pesadas para a atleta, que errou em uma aterrisagem na final geral por equipes e, após isso, anunciou que desistiria das provas finais por aparelho.
O medalhista de prata no skate street, Kelvin Hoefler, também passou por dificuldades em Tóquio. Em entrevista à emissoras brasileiras, diz ter ligado para sua esposa e ter dito que gostaria de ir embora após não “aguentar a pressão da competição”. Em entrevista ao RDtv, o psiquiatra Cyro Masci explica que tais pressões psicológicas podem acarretar a sérios distúrbios na saúde mental se não forem tratadas de forma correta.
Segundo o especialista, é papel do atleta, assim como de qualquer ser humano, cuidar da sua própria saúde mental em primeiro lugar. “O principal inimigo da saúde mental é o preconceito, que existe a partir do momento que deixamos de nos cuidar para atender o que as pessoas querem”, diz. “Então, precisamos entender que primeiro temos que cuidar da nossa mente para estar bem com o nosso meio, seja ele pessoal e/ou profissional”, defende.
Ainda de acordo com Masci, é importante que a pessoa tenha em mente os seus princípios de defesa, aquilo que realmente valoriza para levar a diante. “É importante que a pessoa tenha em mente o que ela realmente valoriza, o que ela acha importante, para que, logo após isso, decida se de fato é melhor desistir daquilo que está exercendo ou não”, explica ao exemplificar o caso de Simone Biles, que desistiu da competição para manter sua saúde mental.
Especificamente no caso dos atletas, o psiquiatra avalia que o papel dos treinadores são de suma importância, uma vez que podem orientar os atletas nos momentos mais conturbados. “Os treinadores são essenciais na vida dos atletas profissionais. São eles que dão orientações, cuidam e sabem se podem ou não perder seus ‘guardiões’ naquele momento”, diz.
O que também implica na saúde mental da população atualmente é o uso das redes sociais, que tem contribuído, cada vez mais, na piora do processo de quem já enfrenta algum tipo de distúrbio ou pressão psicológica. “O que interessa para a internet é o engajamento. Se você vai pirar ou não no processo, isso eles tratam como se fosse um problema exclusivo seu”, diz. “O que aconselho para meus amigos e familiares é que fechem as redes sociais e deixem quem de fato é bem-vindo e tem a agregar na sua vida”, orienta.
Em casos de pressão psicológica e/ou emocional abalado que demonstram que algo não vai bem, o corpo apresenta sinais como insônia, agressividade, tristeza, cansaço em excesso, desmotivação e cotidiano prejudicado. As consequências neste tipo de situação podem desencadear a síndrome de Burnout (esgotamento profissional), quadros depressivos, ansiedade ou até síndrome do pânico.
A melhor maneira de resolver esses distúrbios é buscar ajuda profissional de psicólogo. Um psicoterapeuta qualificado identificará e, mais que isso, ajudará o paciente a descobrir quais são os pontos que angustiam a pessoa para, assim, resolvê-los. Trata-se de um tratamento a longo prazo, mas que traz diversos benefícios, como descompressão psicológica e melhora na qualidade de vida.