ABC - quinta-feira , 2 de maio de 2024

Diadema comemora combate aos bailes funk e estuda criar “pancadódromo”

Pancadão no Núcleo 18 de Agosto, conhecido como Vermelhão, foi um dos focos da operação. (Foto: Rede Social)

Após seis meses de trabalho com as polícias Civil e Militar, Diadema começa a vencer as festas clandestinas de rua, conhecidas como bailes funk ou pancadões. Com estratégia de ocupar as áreas antes que as festas tenham início, conflitos foram evitados e agora a Prefeitura já planeja até criar um espaço adequado para os bailes. O “pancadódromo”, como pode ser chamado, tem grande chance de ter a avenida Ulisses Guimarães como palco. A via era utilizada para os desfiles de Carnaval.

Desde o início do trabalho integrado, foram realizadas 108 operações de combate aos pancadões, até o dia 8 de agosto. Ao apresentar o balanço com exclusividade ao RD, o secretário de Segurança Cidadã, Benedito Mariano diz que os números são muito positivos, pois não houve praticamente episódios de confronto. “Diadema está vencendo os pancadões  com a prevenção, das 108 operações, em apenas 3 houve situações de confronto que foram rapidamente contornadas e sem ferido”, relata.

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As operações ocorrem sistematicamente nas sextas, sábados e domingos, nas seis áreas mais críticas, conhecidas como pontos viciados para a realização de pancadões: Morro do Samba e Pombal, ambos no bairro Serraria; rua Itália, no Jardim das Nações; Baile da Torre, no Taboão; Núcleo 18 de Agosto, também conhecido como Vermelhão, no Jardim Campanário e no Jardim Gazuza. Além destes locais, a operação percorreu também outras regiões com histórico de festas de rua menores e também para evitar a migração destes eventos para outras localidades. “Monitoramos as redes sociais para acompanhar essa migração”, comenta Mariano. “O pancadão da Torre já não acontece há dois meses e o do Morro do Samba há 3 meses”, conta.

O major Alex Sandro Lucena, oficial de operações do 24° Batalhão da Polícia Militar, diz que a estratégia de ocupar os locais é também acompanhada de ações no entorno, com viaturas setoriais que observam a organização de bailes em outros locais. “Essas viaturas chegam mais cedo e ficam na circunscrição para inibir outras aglomerações e para que o objetivo da operação não se perca”, explica. Segundo o oficial da PM, as operações são cuidadosamente planejadas e não há prejuízo do policiamento em outras áreas da cidade. “As ações da PM são pautadas na legalidade, queremos evitar o confronto. O sucesso da operação se deve a essa organização, de chegar antes e ocupar o local e o entorno inibindo o pancadão”, diz Lucena.

Operação da GCM de Diadema no Morro do Samba. (Foto: Divulgação)

A estratégia também passou pela preparação da tropa, que vai atuar nas operações. Conta que é um trabalho constante de conscientização e preparação da tropa, e que não é fácil chegar num local e ser recebido por xingamentos e garrafada, como aconteceu no passado. “Nestas operações, desde que começou esse trabalho integrado isso não aconteceu mais. O sucesso também se deve ao treinamento”, comenta.

Rigor

Outra estratégia adotada desde o início do trabalho conjunto foi investigar quem são os organizadores. A Polícia Civil entrou nesta fase. Desde o início do ano já foram instaurados pelo menos cinco inquéritos policiais para apurar as responsabilidades de quem organiza. Segundo Mariano, as investigações prosseguem. A Prefeitura, por sua vez, vai também endurecer as leis. “Já estamos preparando nova legislação que pune com mais rigor os organizadores. Já conversamos com o presidente da Câmara – Josemundo Dario Queiroz, o Josa (PT) – que articula na Casa o apoio para a proposta. Percebemos que os organizadores são donos de bares e adegas, alguns que funcionam irregularmente sem alvarás; eles contratam Djs e estrutura para o som. Durante das operações foram mais de 500 notificações de bares e adegas pela nossa fiscalização, sendo que 16 bares foram fechados, e 3 foram lacrados por 12 meses por infringirem a Lei Seca”, relata o secretário.

Avenida Dr Ulisses Guimarães, local dos antigos bailes de Carnaval pode dar lugar aos bailes funk sob controle da prefeitura e da polícia. (Foto: Google)

Como vai funcionar

Diadema planeja criar um espaço para o público jovem que frequenta os pancadões; será um espaço com controle de horários em que os frequentadores serão revistados na entrada e que vai oferecer música e também oportunidade para os empreendedores que quiserem vender seus produtos no local. Os vendedores também serão previamente cadastrados e haverá fiscalização do que será comercializado. “Reconhecemos que Diadema tem poucos espaços culturais e de lazer para os jovens e a nossa proposta é disponibilizar um local em área industrial, onde não haverá incômodo a moradores, para esses bailes”, explica Mariano, que destacou que a preparação deste espaço será feita somente após a pandemia da covid-19.

O local mais provável para a instalação do pancadódromo é a avenida Dr. Ulisses Guimarães. O local tem duas pistas largas e canteiro central, onde há espaço para abrigar mais de 20 mil pessoas e com dois pontos de acesso. “Será um espaço adequado para realização de atividades culturais pactuado com as lideranças jovens, com os Djs, comerciantes e com apoio das polícias estaduais e organizado pelas secretarias de Segurança Cidadã e de Cultura”, aponta o secretário. A via já era utilizada para os desfiles de Carnaval e também é estratégica porque nela ficam diversas secretarias municipais, como Mobilidade e de Defesa Social. que podem servir de base para as forças de segurança que controlarão o evento.

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