A progressão automática e os processos que geram falta de qualidade no ensino acabam gerando problemas futuros para os alunos, principalmente levando em conta o mercado de trabalho. Essa afirmação é gerada após estudo feito no Conjuscs (Carta de Conjuntura da Universidade de São Caetano do Sul). Ao RDtv nesta quinta-feira (19/8), o cientista econômico e professor Rogério Lopes e a aluna do curso de Recursos Humanos da USCS, Beatria Sant’Anna Ferrari, apontaram detalhes sobre o tema.
“Eu venho trabalhando com este tema desde 2000, então tem bastante tempo que eu venho trabalhando com essa situação da promoção automática. Após anos de pesquisa acreditamos que infelizmente o suporte ao aluno é baseado apenas em teorias e essas teorias não são suficientes para a entrada desses jovens no mercado de trabalho. Eu não culpo o ensino público estadual ou municipal, não estou fazendo isso de forma alguma, porque a ideia aqui é dar oportunidade aos jovens, a ideia do trabalho é colocar em publico essa situação dos jovens vem passando, principalmente com a pandemia, que infelizmente eles não vem tendo oportunidades e essas oportunidades devem ser constantes para que os jovens tenham entrada no mercado de trabalho”, aponta o professor.
A progressão continuada é o sistema que visa em um estudo com um período maior que o aluno não repita de ano, mas que receba aulas de reforço nas matérias que tenha mais dificuldade. Em 2014, o Governo do Estado de São Paulo alterou tal situação, revendo o conceito deste sistema. Mesmo assim, Rogério aponta que existe “carência” em matérias básicas como língua portuguesa e matemática.
Beatriz cursou o ensino fundamental em uma instituição particular e depois completou o ensino médio em uma escola pública, sendo que no 3º ano teve que conviver com o ensino remoto devido a pandemia do Covid-19, o que criou prejuízos pela falta de algumas aulas e que forçou a estudante na busca por conhecimento por conta própria.
“Eu senti muita diferença, tanto que eu percebia que deveria ter aproveitado o Fundamental como eu aproveitei. Quando eu fui para a pública e percebi a diferença na pele, eu não sabia, por exemplo, o que era um estudo de caso, então eu tive que correr atrás disso, pedir muita ajuda para o professor”, explicou.
A nota técnica aponta que levando a dificuldade que pode gerar no ingresso ao mercado de trabalho, uma das soluções seria o investimento de empresas nos seus talentos, ou seja, investir na qualificação do trabalhador.
“Infelizmente a progressão continuada traz os jovens para o mercado de trabalho sem a qualificação adequada e até temos empresas que estão contratando esses profissionais, mas dando um treinamento. As empresas que investem no funcionário, no colaborador investindo neles com contratos chamados pactos de permanência que vão treinar essa mão de obra desqualificada. Se abrir os jornais hoje você vê uma série de vagas no mercado de trabalho, mas que não como suprir essa mão de obra, porque você não encontra determinados profissionais”, seguiu o cientista econômico.