Cinco das sete cidades do ABC – Rio Grande da Serra e Diadema não forneceram informações – somam 74.639 faltas na aplicação da segunda dose da vacina contra a covid-19. Em 15 dias, a abstenção na região saltou mais de 500%, passou de pouco mais de 11,7 mil pessoas que não voltaram para tomar a segunda dose para quase 75 mil. Segundo a medicina, isso é muito ruim, porque quem deixa de completar processo não coloca em risco somente a sua própria saúde, mas também das pessoas próximas.
A cidade com a pior situação é Santo André, com 43.132 pessoas que ainda não retornaram para finalizar o processo de proteção, 8% da totalidade. Segundo a Prefeitura, 98% da população adulta já está com pelo menos uma dose do imunizante, e 44% está com o quadro vacinal completo. Do total, foram aplicadas 783.551 doses da vacina, sendo 539.150 da primeira dose, 227.101 da segunda e outras 17.300 doses únicas.
Ribeirão Pires registrou 13.622 faltas, o equivalente a 15% das 90.814 vacinas ministradas até sexta-feira (20/8). Em São Bernardo, a taxa de abstenção está em 1,5%, com 8.647 pessoas que não voltaram para receber a segunda dose da vacina. Até o momento, 272.290 já estão com cobertura vacinal completa, enquanto 576.475 receberam somente a primeira dose. Mauá não aplicou a segunda dose em 7.983 munícipes (2,8% do total que recebeu a primeira aplicação) e São Caetano em 1.300 (1,08%).
Diadema não informou quantas pessoas não receberam a 2ª dose da vacina, mas até esta sexta-feira (20), haviam sido aplicadas 398.087 doses de vacina contra a covid-19, sendo a primeira dose em 288.023 pessoas, a segunda dose em 99.320 pessoas e a dose única em 10.744 pessoas.
Perigo à vista
O médico pneumologista e professor da Faculdade de Medicina do ABC, Elie Fiss, explica que a taxa de abstenção pode ser notada em todo País, e significa perigo para toda população. “Quando a pessoa deixa de receber a segunda dose da vacina contra a covid não coloca em risco só sua própria saúde, mas também das pessoas ao seu redor. Isso porque as chances de contrair a doença em um estágio mais avançado se torna mais evidente”, diz.
Ainda de acordo com o especialista, somente a primeira dose não garante proteção total do indivíduo. “Muitas pessoas levam em consideração um conceito de que a primeira dose já é suficiente para garantir a proteção contra a covid-19, e isso não é verdade. A segunda dose é um reforço para o imunizante que nem 100% eficaz é, mas que é a nossa maior garantia de proteção contra o vírus atualmente”, declara.
Apesar da alta taxa de abstenção, Fiss diz que não é tarde para receber a segunda dose da vacina. “Mesmo com intervalos maiores que o comum, não é tarde para receber o reforço”, orienta. Segundo orientações das prefeituras, o intervalo deve ocorrer em 90 dias para vacinas da Oxford e Pfizer, enquanto a Coronavac é de 28 dias. “Esse período diferente para cada imunizante pode confundir a população, mas mesmo para aqueles que desistiram de tomar e de repente se arrependeram, não é tarde”, enfatiza ao ressaltar a importância da finalização do processo.
Em nota, as prefeituras alegam que continuam com busca ativa para que munícipes compareçam aos postos de aplicação. O resgate para imunização ocorre por meio de uma espécie de recrutamento, por telefone, mensagem ou publicações nas redes sociais, em que salientam a data de retorno e a importância de não deixar de finalizar a proteção.
Até o momento, as prefeituras não planejam fazer ‘xepa da vacina’, como acontece em São Paulo, para diminuir o intervalo das aplicações.