Muitas vezes tido como brincadeira e visto por muitos como ‘mimimi’, o bullying ocorre de forma imperceptível e até silenciosa, mas deve ser observado com seriedade, já que pode gerar diversos problemas tanto na saúde física quanto mental de quem passa ou já passou por episódios, e variam desde problemas com auto aceitação, auto estima até depressão.
Idealizar padrões é uma das principais causas da prática sistemática da violência ocorrer entre as pessoas, que em algum momento da vida podem ter contato tanto em realizar como em sofrer o preconceito, conforme explica Davi Rodriguez Ruivo Fernandes, psicólogo e subcoordenador da Subsede Grande ABC do CRP/SP (Conselho Regional de Psicologia São Paulo), que falou em entrevista ao RDtv sobre o assunto.
Tudo que é visto como fora dos padrões estabelecidos pela sociedade estão vulneráveis a passar por episódios, destaca o psicólogo. “Quando a gente cria socialmente normas que colocam as pessoas numa perspectiva de modelos, temos padres que vão se repetindo e vai trazendo esse padrão, e quando isso não está dentro do modelo as pessoas se sentem na possibilidade de caçoar”, salienta.
Quem sofre com o bullying por muitas vezes não se sente no direito de participar da sociedade ou de grupos e passa a entender sua existência como um problema, por não se adequar ao que é aceito, mas delimitar o espaço é necessário. “Ouvimos que a geração está muito ‘mimimi’, mas se imagine como uma pessoa em que seu corpo é visto como uma anomalia, a pessoa ouve a vida inteira sobre seu corpo, uma vez que avaliam o sucesso a outra forma física, mas que o biotipo dela não vai chegar aquilo”.
De acordo com Fernandes, o preconceito, racismo e segregação que as pessoas praticam diz muito a respeito do que o interlocutor entende como normal e a violência que pratica, por isso criticam não poder realizar os apontamentos. “Estamos num país com alto índice de feminicídios, morte por homicídio da população LGBT, e devemos entender que nós buscamos via leis compreender que a diferença e pluralidade é possível, e sair desses padrões estabelecidos”, comenta.
Enquanto seres humanos, fazer parte de grupos é natural e necessário para a sobrevivência, o que é atrapalhado com a prática do bullying, em que as pessoas chegam a ter problemas com aceitação. “A pessoa vai chegar a uma vigoraxia, de estar sempre buscando o corpo perfeito, ansiedade, depressão, casos contra a própria vida, e nem sempre essa adequação é uma adaptação saudável, mas é uma forma que a pessoa encontra de pertencer e sobreviver, é uma implosão de se sentir feio, mal e sempre insuficiente”, completa.