Nas duas últimas eleições municipais, 2016 e 2020, muito se falou em atenção à causa animal. Promessas foram feitas sobre campanhas de castração e de atendimento veterinário gratuito, e na esteira propostas de hospitais veterinários, que até o momento apenas o de São Bernardo é o projeto mais avançado. O equipamento tinha previsão para início de funcionamento em 2020, mas a pandemia atrasou a inauguração. Enquanto os projetos não “vingam” quem precisa tratar um animal doente, recorre a uma rede de protetores de animais.
São Bernardo informou que parou o processo de chamamento público para a gestão do hospital por conta da pandemia da covid-19. “Não pôde realizar o chamamento público para o início dos atendimentos do Hospital Veterinário Municipal, que seria gerido por uma Organização da Sociedade Civil. Parte da estrutura do Hospital, localizado na avenida Dr. Rudge Ramos, 1.740, já está sendo utilizada por equipe própria do Centro de Controle de Zoonoses para realização de castrações, bem como no Castramóvel”, diz a nota da administração que não estimou nova data para a inauguração.
Enquanto o hospital de São Bernardo não sai, Santo André entra no páreo para que o seu projeto seja o primeiro viabilizado na região. Segundo a Prefeitura, o projeto já foi licitado e no momento a concorrência pública está em fase de recurso. O projeto está avaliado em R$ 2,8 milhões e as obras devem durar 12 meses a partir da assinatura da ordem de serviço. A unidade será implantada em área que pertence ao município, ao lado da Sabina. “O hospital terá duas salas cirúrgicas, quatro consultórios, salas de pré e pós cirúrgico, internação, sala de observação, ambientes como recepção, espera, solarium para cães e gatos, sala de cadastro de adoções, sala de reunião, administração, copa, laboratório, sala de coleta, expurgo, esterilização, banho e tosa. A parte clínica do Hospital Veterinário Municipal oferecerá ainda ultrassonografia, ecocardiograma, radiologia, laboratório de análises e terá capacidade para oito cirurgias e 120 consultas por dia”, diz em nota. A empresa que ficou em primeiro na licitação é a Fig Incorporadora e Construções Eireli.
Outra proposta que surgiu este ano foi da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) de montar um hospital veterinário como parte da prática do curso de Medicina Veterinária da universidade. Em fevereiro, durante entrevista ao RDTv, o reitor Leandro Prearo, disse que a expectativa era de atendimento gratuito para procedimentos de baixa e média complexidade. A previsão era de que o equipamento estivesse em funcionamento em agosto, mas a continuidade da pandemia atrasou o projeto. Agora a nova previsão é de funcionamento no primeiro semestre de 2022.
Enquanto os hospitais não saem do papel, os protetores arcam o ônus de procurar atendimentos gratuitos ou a preços populares para quem aparece com animais doentes ou abandonados. “Eu acho que o ABC precisa de um hospital regional, para dividir a conta entre os sete municípios, com aporte também do governo do Estado. Um hospital de porte maior para atender toda a região traria também geração de empregos no comércio e na indústria que produz itens como ração, produtos de higiene e brinquedinhos para os animais”, analisa Luiz Fernando do Vale, o Gordinho dos Animais, que abraça a causa há anos.
Segundo Gordinho, as prefeituras deveriam investir mais no cuidado com os animais porque isso reflete na saúde pública de uma forma geral. “Depois de apresentar projeto os deputados mandam emendas, isso dá para fazer tranquilo. Tem também lei em que os empresários podem doar e deduzir do imposto de renda, tem também a nota fiscal animal, um projeto que se tornou lei em 2013 no estado e que prevê que as entidades de proteção animal sejam incluídas no roll daquelas beneficiadas com a Nota Fiscal Paulista. Essa lei está lá para isso, mas parece que ninguém usa”, aponta. O protetor diz que uma consulta pode custar entre R$ 50 e R$ 100, um exame de sangue completo, não sai por menos de R$ 200 e se o animal precisar de internação os preços são elevados, em média R$ 150 por dia, fora medicação e exames.
Ribeirão Pires Ribeirão Pires não possui projetos para instalação de hospital público veterinário, ao menos por enquanto. Em nota, a administração diz que faz resgate de animais em situação de risco e atende emergências. O telefone de contato é 4824-4197 ou 97211-1112, este WhatsApp. O município terá em outubro ou novembro um mutirão de castração em parceria com o Instituto Luisa Mell e, para 2022, quer instituir o Castramóvel, um projeto itinerante que deve atender todas as regiões da cidade.
Diadema informa que avalia parcerias com clínicas locais e que já trabalha em parceria com ONGs, mas que até o momento não tem nenhum projeto sobre um hospital municipal veterinário. Mauá e Rio Grande da Serra não se pronunciaram.