ABC - terça-feira , 7 de maio de 2024

Mais de 100 mil não voltam para segunda dose no ABC; abstenção aumenta

Mauá faz busca ativa dos faltosos e bate de porta em porta para incentivar a complementação do esquema vacinal. (Foto: Divulgação/PMM)

No ABC, mais de 100 mil pessoas que receberam a primeira dose de vacina contra a covid-19, cerca de 5% da população, não voltaram para completar o processo. Com o aumento cada vez mais de abstenção, as prefeituras do ABC intensificam a busca ativa para garantir a imunização. Para especialista, há risco das internações aumentarem por conta da negação à vacina.  Conforme as datas para a aplicação das segundas doses vencem, o número de pessoas que não retornou para completar o esquema vacinal avança.

Em São Caetano, no dia 22 de julho eram 1.497 ausentes com a segunda dose do imunizante, 41 dias depois, o número já saltava para 1.832, alta de 22,4%. Em Diadema a alta foi ainda mais expressiva: eram 3.680 e agora já são 13.107, uma alta de 256% em pouco mais de 40 dias.

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Mauá, que não informou o número da abstenção em julho, informa que agora tem cerca de 10 mil pessoas em atraso com a vacina. Em Ribeirão Pires, são 2.290 que já passaram do dia para tomar a segunda dose, enquanto São Bernardo e São Caetano relataram abstenções de 4% e 8% respectivamente.

Em Santo André, o absenteísmo também gira em torno de 8%. As unidades de saúde fazem contato com a população para esclarecer sobre a importância da vacinação. Além disso, os agentes comunitários de saúde também atuam para esclarecer sobre a questão.

Em Diadema, apesar do número de abstenção ser alto, a Prefeitura pondera que 60% dos ausentes estão com até 7 dias de atraso e que, portanto, dependendo da vacina aplicada, ainda estaria dentro do intervalo recomendado para vacinação. Para identificar e localizar os faltosos, a Prefeitura faz extração de relatórios do sistema Vacivida, com listas nominais de pacientes que receberam primeira dose e estão atrasados para receber a 2ª, a partir de um dia de atraso. “As listas são encaminhadas para as unidades básicas de saúde, que diariamente acessam a lista e fazem busca ativa (por telefone, WhatsApp ou até mesmo de forma presencial) para localizar os faltosos e incentivar para completarem o esquema vacinal o quanto antes. Quando necessário, a equipe inclusive leva a vacina até a casa do usuário. Todo esse trabalho é feito diariamente por agentes comunitários de saúde, equipes de enfermagem ou outros funcionários dos setores administrativos”, informa a prefeitura que mantém a vacinação nos postos por livre demanda sem necessidade de agendamento e também faz mutirões aos fins de semana, sendo o último realizado no dia 29/08. Redes sociais, carros de som e folhetos também são ferramentas usadas para conscientização.

Em Mauá, a busca ativa ocorre nas 13 UBSs, que têm o modelo assistencial Estratégia Saúde da Família e inclui até visitas porta a porta. Os agentes comunitários de saúde batem de porta em porta nos bairros e procuram conscientizar o público sobre a vacinação. As demais unidades fazem esse trabalho de forma mista (presencial ou por telefone) ou tradicional (por contato telefônico). Além dos 10 mil que estão em atraso com a segunda dose, cerca de 55 mil pessoas que fazem parte do público-alvo, ou seja, à partir dos 12 anos de idade, não tomaram nenhuma dose da vacina ainda. Se considerados só os jovens entre 12 e 17 anos os que ainda não tomaram a vacina somam 30 mil. A prefeitura já alcançou a idade dos 12 anos, portanto toda a população vacinável já pode se imunizar. Desde 19 de janeiro, Mauá aplicou 444.737 vacinas.

Em São Bernardo, além dos 4% que ainda não voltaram aos postos de saúde para tomar a segunda dose da vacina, outros 4% da população vacinável sequer tomaram a primeira dose. Em nota, a administração sustenta que também faz busca ativa e cruza informações com o Estado para saber se os que constam com dose em atraso não se vacinaram em outra cidade. “As UBSs realizam busca ativa diária para contatar estas pessoas. Outra ferramenta utilizada é o envio de mensagens pelo WhatsApp aos moradores que estão com a dose em atraso e aos que estão próximos de tomar a dose de reforço. Além disso, a administração encaminha dados diariamente ao governo do Estado para o cruzamento de informações, considerando que diversos casos de atraso se devem ao fato da pessoa receber o reforço da vacina em outra cidade”.

Investigação

O pneumologista e professor da Faculdade de Medicina do ABC, Elie Fiss, considera que a abstenção não ocorre por falta de campanha ou divulgação, mas é incentivada por mensagens com informações erradas e influenciada por grupos que devem ser investigados. “Eu vejo divulgação para tudo que é lado, nas estradas, ruas, outdoors, grupos de WhatsApp e tudo mais, então acho que (a abstenção) ocorre pela errada opção de algumas pessoas em não serem vacinadas. Conheço algumas pessoas que não querem ser vacinadas e que inventam as mais ridículas e estapafúrdias desculpas que se pode ouvir. Não vejo isso como erro de estratégia, é mais influência daquele pessoal do tratamento precoce que não se vacinou e não acredita na vacina por motivos a serem investigados. Por isso a gente vê hoje casos entre não vacinados”, aponta.

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